quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Estranho Mundo de Oz

Pra variar hoje tive que ir ao banco. Casa lotérica pra ser mais especifica, que consegue ser um pouco pior que o banco em si. Nada contra pessoas senis, mas velho fazendo aposta e não entendendo as instruções do caixa não é lá a coisa mais agradável do mundo quando se está passando seu horario de almoço em uma fila, ao invés de estar dormindo.

Meu mp3, que sempre salva minha vida, dessa vez fez a trilha sonora do que eu estava vivendo. Apesar de não ser Judy Garland cantando, estava tocando Somewhere Over the Rainbow (Eva Cassidy sempre me acalma em filas) e quando eu me dei conta vi que estava literalmente em Oz. Louca, mas louca de vontade de voltar pro Kansas.

Olhei pra rua e JURO que vi a Bruxa do Oeste passando. Sério gente, eu tenho que começar a fotografar o que eu vejo, pq a cada dia que passa eu me convenço mais de que o mundo é mais bizarro do que deveria. A mulher estava usando uma saia longuete LARANJA cheia de pontas, uma blusa preta e UM CHAPEU. Quase dava pra ouvir a risada macabra. Mas parei de olhar quando ela me encarou, e juro que deu pra perceber que ela pensava: “Just try and stay out of my way. Just try! I'll get you, my pretty and your little dog too!”. Lógico que ela entrou na fila e ficou atrás de mim, e eu morrendo de medo dela descobrir onde eu morava, querer me pegar e de lambuja assassinar meu cachorrim. Justo hoje que eu estava sem meus sapatinhos de rubi, e saí da estrada de tijolos amarelos, porque essa estrada de tijolos amarelos sem vergonha não tem casa lotérica.

(Dica: NUNCA saia da estrada de tijolos amarelos sem seus sapatinhos de rubi. NUNCA MESMO.)

Chega minha vez e dou de cara com o Homem de Lata do outro lado do vidro. Sério, o dia que aquela mulher tiver um coração eu vou agradecer muito ao Mágico de Oz. O velhinho que estava na minha frente saiu praticamente em prantos, dada a sutileza da pessoa. Tremendo de medo, entreguei minha conta de celular que muito me alegrou esse mês por ter somente dois dígitos antes da virgula e paguei o que eu devia à TIM. Não importa que ela não tenha respondido ao meu “boa tarde, tudo bom?” nem ao meu “obrigada”, muito menos ao meu sorriso cativante. Tadinha, ela não tem coração.

Voltando pra casa uma ligação. Meu primo, pela quinta vez, perguntando a mesma coisa, e pedindo para eu explicar em diálogo. Tipo, ‘ele disse isso, eu disse aquilo’ porque resumir a história nunca é o bastante. Eu não me contive: ‘Espantalho é você?’ O que, obviamente gerou um ‘hã?’ do outro lado da linha. Ovius né? Só eu me dei conta de que estamos em Oz, ele ainda acha que está na Terra. Sr. Mágico de Oz, um cérebro pra ele por favor. Desconfio que ele faça isso pra me testar, diariamente, há 29 anos. Lógico, mandei tomanucu, porque hoje a noite ele vai pedir pra eu explicar de novo.

Quando eu desliguei fui atacada pelo Leão Covarde. Disse que eu tava andando pela rua né? Então, nas calçadas do mundo é normal se ver uma ou outra barata andando por ali... Uma menina de uns 15 anos que estava na direção contrária, pelo visto não sabia disso, e gritou, quase no meu ouvido, dando um triplo twist carpado quando se deu conta que a Dona Baratinha realmente mentiu quando disse que morava numa casa de vidraça, mas que ela também não vive na fumaça...Vive sim em calçadas e bueiros nojentos desse mundo bizarro que já passou da hora de acabar. Algumas vezes não tem como você nao rir da cara da pessoa, na cara dela. E essa semana eu não tenho tido muito auto controle em conter risadas não. Mas como ela passou, ainda gritando E pulando, acho que não percebeu...

Lógico que, mais uma vez, fui rindo até a Cidade das Esmeraldas, que nem uma louca. (só eu ando rindo pela rua né? Ah ta.) Chegando lá dei de cara com Totó, abanando o rabo. E graças ao Grande Mágico de Oz, a Bruxa do Norte, com todo o seu carinho, tinha feito strogonoff, só pra mim.

Fiquei feliz. Embora Kansas ainda esteja ‘so far, far away’...

Nenhum comentário: