sábado, 31 de dezembro de 2011

Desde o inicio e para sempre


Ela é esquisita, ele é estranho. Ele tem a culpa, ela tem o sorriso. Ele é verdade. Ela, consequência. Ela nunca pediu muita coisa, ele sempre deu mais que isso. Ela se encantou antes dele dizer olá. Ele esperou ela o fazer sorrir. Eles são beijos de borboleta e beijos de esquimó. Eles são abraço, são amontoado. Eles são encaixe confortável. São dormir embolados e acordar sufocados. Eles são olhar para o mar pela varanda, abraçados, pela manhã. Eles são bobos... e fofos. Eles são música cantada antes de dormir. São brincadeiras de criança em meio à conversa séria. Ele é "coisa dela" debaixo da chuva. Ela é lindinha dele mesmo quando fica doente. São corrida na praia e abraços suados depois. Ele é a mão nos cabelos dela, que não consegue parar de fazer carinho. Ela é a risada de franzir o nariz quando ele faz isso. Eles querem ir à um lugar que só eles conhecem. Ele é o Melman dela, ela é a Glória dele. Ele é beijo enquanto andam na areia da praia sob as estrelas. Ela é afago em frente ao mar. Ela chora vendo filme triste. Ele dorme na barriga dela vendo filme triste. Ele é convite para dançar de rosto colado em cima da cama. Ela é aquela que o faz pular no colchão. Ele a segura para que ela não caia do skate. Ela acha mais seguro o skate como apoio de refrigerantes e pimenta no pequenique improvisado. Ela é a tentativa sem sucesso de ensinar a ele como mexer o nariz imitando a Samantha. Ele é a tentativa frustrada de ensinar à ela como piscar com os dois olhos intercaladamente. Ele é The Beatles. Ela, Frank Sinatra. Ele diz: "me dá a mão?". Ela só deseja que o caminho seja mais longo para não ter que separa-las. Ele é ligação de bom dia depois de uma noite de pesadelos dela. Ela é bilhete de "volta logo?" depois do embarque dele. Eles são "até logo" no aeroporto. E lá, ele deu à ela um pedacinho dele. Ela deu a ele quase tudo o que restava. 

Desde o início souberam que nunca foram feitos para durar. 

Mas mesmo assim, ou até mesmo por isso, ela se perguntou se seria possível que aquilo fosse o seu "ser feliz para sempre". 

E lembrou que, se ser feliz para sempre - como ela sempre acreditou - fosse simplesmente ser feliz, ali, naquele momento, que fica para sempre, a resposta seria sim. Seria para sempre. Eles estavam cheios de "ser feliz para sempre".
E toda vez que ele erguia os braços na rua para abraça-la quando ela ainda estava na outra esquina, sem medo de parecer bobo, ela era feliz. Para sempre. 

...mesmo quando fosse tudo tão nunca mais. 


Obrigada 2011. Só desejo que 2012 seja tão doce quanto você.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Feliz Natal


 Meio de última hora, mas eu resolvi acreditar também, Calvin!

Feliz Natal, pessoal!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

:(

Eu não sinto saudades de você.
Eu sinto saudades do pedaço de mim que foi embora.
O diacho é que era a melhor parte...

god... how I miss you chubby...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sorrindo...


Lembrou que por um tempo ele desligava o telefone sorrindo.
Daqueles sorrisos que a senhora vendendo cocada do outro lado da rua entenderia.
Ele ainda olhava pro celular, sorrindo. Porque lembrou.
Lembrou que ela nunca dizia nada extraordinário, e a conversa sequer precisava ser longa. Ela apenas ligava pra dar bom dia, daquele jeito dela, que nunca era um bom dia. Ou boa tarde, ou boa noite...
Sempre que ele atendia o telefone ela estava gargalhando, ou gritando porque tropeçou, ou conversando com o cachorro enquanto esperava que ele dissesse alô. Porque ele era uma pessoa de "oies e alôs". Ela nunca foi.
Ele sorria, porque ela o tirava do cotidiano.
E ainda andava pela rua, ignorando o barulho do transito caótico. Porque sorria.
Lembrava que ela desde sempre fez isso. Ela o fazia sorrir quando ficava emburrada, porque ele sabia que era cena. Ou quando ela chorava ao ver qualquer filme triste, mesmo os que ela só via os quinze minutos finais.
Ela o fazia sorrir quando, ao acordar para ir trabalhar, dizia "eu vou primeiro", deixando ele dormir mais 15 minutos.
Ela sempre tentou se aninhar no seu peito, no seu abraço, na sua nuca, feito bicho que precisava de proteção. E não chegava a ser estranho. Sorriu.
Deu um sorriso largo ao lembrar das conversas infinitas, das caminhadas de mãos dadas e dos abraços de mundo inteiro.
Sorriu com pesar do quanto foi bobo em não ligar todas as vezes que teve vontade.
Ele lembrou rindo de como ela entrou em sua vida pela janela, mas criou portas para voltar e com chaves, para trancar. Ainda que fosse para se trancar pelo lado de fora.
Sorriu ao lembrar que ela se preocupava com ele, mesmo sabendo que ele era grandinho o suficiente para se proteger. Embora ela soubesse tão bem quanto ele, que ele sabia se defender do mundo, mas nunca soube se defender dele mesmo.
Tentou entender como aquela mulher que tanto tirava a sua vida do cotidiano, conseguia deixa-la ao mesmo tempo tão fincada ao chão. Não conseguiu.
Ela não tinha medo. E isso sempre o amedrontou. Porque medo era tudo o que ele tinha. Ela não tinha medo de tentar, de errar, de viver. E ele sabia que ela tinha todos os motivos para isso. Ela tinha todas as desculpas que precisava para ser aquela pessoa que tem "medo de se envolver", mas optou por simplesmente rasgar essas cartas do baralho, afinal, ela nunca soube jogar mesmo...
E talvez a coragem dela o assustasse ainda mais.
Ela perdoou os deslizes dele da mesma forma que ele perdoou os excessos dela.
Ele sorriu. Porque a amava.
E lembrou do sorriso dela. Daquele de franzir o nariz que ele tanto conhecia, gostava e ainda lembrava.
Ele sorriu quando a viu, vestida de branco, a caminho do ser feliz para sempre. E ficou feliz, porque nunca duvidou que ela faria alguém feliz para sempre. Mesmo que esse alguém não fosse ele.

Chegou em casa, abriu a porta. Não era ela que o esperava. Ele era feliz, ali, com outro alguém. Talvez ela tivesse ensinado alguma coisa para ele afinal. E teve certeza do tanto que ela aprendeu com ele, também.

O para sempre dela não era o mesmo que o dele.
Mas mesmo assim ela sempre o faria sorrir.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Da arte de ter amigos loucos com conselhos sensatos


- nhaaaa

- nhãã

- tubão mon amigolin?

- tudo certo my fish.... endi ú?

- tudo auraithi

- ouquei! .... ai révi uan fink for iúl

- givi mi

- de trú of áuor laives...de trú of de gód...de trú of iúmâniti!

- uau mai friendi, iu are sôu dipli...

- têik a lôk.... jâst de top of de áicibergue http://www.sofadasala.com/ligiacabus/10012007nibiru.htm

- lá vem você com seus links de putaria... Quando vc vai entender que eu sô minina, não sou fish?

- trú abauthi relígions..... de RIAL trú... não é putaria não

- sórri mai friendi, i fink bédi ofi iór person.. Mamiguim eu nao leio nem manual, mas ceacha mesmo que vou ler isso tudo? Resume pra mim? Como sempre... Ha mil anos você resume as coisas pra mim, achou mesmo que ia parar agora?

- pooo, vc vai gostar...é a verdade sobre deus... (na verdade.... esse já é um resumo..... a historia é muito mais complexa do que isso e lendo só isso, vai parecer idiotice... uma teoria idiota... mas é puramente verídico.... retirado de escritos sumérios)

- quem são os sumerios?

- primeira civilzação que se tem conhecimento..

- eles eram gatos??? Agora só leio coisa de homi gato...

- é sumério... e não PERSA....

- aushaushaushaushausha... demorei 3 segundos pra entender o trocadilho, acho que to carente demais.

- você é doida isso sim.

- não sou doida, sou instável. O tempo também é e vc convive com ele desde que nasceu. Eu não sou fácil, mas valho a pena.

- cê sabe que tá solteira porque não existe homem no mundo que acompanhe esse seu raciocinio esculhambado né? Fora eu, que te amo...

- nhom, tb te amo mamiguim. Mas eu sei... Vou ser mais burra, prometo.

- ou você é fedida...das duas uma.

- não sou fedida... Acabei de checar o suvaco só pra ter certeza, e sou bem cheirosinha...

- É, eu sei que você é cheirosinha... Então mamiguinha.... Fique burra logo!



domingo, 30 de outubro de 2011

No Elevador


Eu lembrei de um texto, de um amigo e não consegui parar de pensar nele. Sei lá o porquê... Ou sei bem todos os porquês... Vai saber, quem sabe?


Regressivo
10
Ele entrou e apertou um botão.


9
Ela entrou e deu boa tarde.


8
Ele a observou arrumando os cabelos.


7
Ela o viu coçando a barba, distraído.


6
Ele sentiu o perfume dela no ar.


5
Ela imaginou como seria o cheiro dele.


4
Ele quis beijá-la para sempre.


3
Ela viu sua vida inteira ao lado dele.


2
Ele escolheu o nome dos filhos.


1
Ambos formavam um casal perfeito.


Térreo
As portas se abriram.

Ele foi para -------------------------------------------------- Ela foi para
este lado-------------------------------------------------------este lado


E o futuro se fechou.


___


... Coincidentemente ouvindo essa musica ...Embora eu acredite a cada dia menos em coincidências.


Obrigada, Sr. Rob Gordon (texto orininalmente aqui).


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ouié...


Para meu coração teu peito basta,
para que sejas livre, minhas asas.
De minha boca chegará até o céu
o que era adormecido na tua alma.
Mora em ti a ilusão de cada dia
e chegas como o aljôfar às corolas.
Escavas o horizonte com tua ausência,
eternamente em fuga como as ondas.
Eu disse que cantavas entre vento
como os pinheiros cantam, e os mastros
Tu és como eles alta e taciturna.
Tens a pronta tristeza de uma viagem.
Acolhedora como um caminho antigo,
povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Despertei e por vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam em tua alma.

(Pablo Neruda)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mongóis.


- fui grossa? disse assim: querido kinoplex;
ESTREAR um filme como esse só com cópia dublada é normal, ou vocês comeram fezes no café da manhã? Tudo bem que o ES é um estadozinho meio chumbrega, mas não precisava avacalhar né?

- ta correta. ainda bem q vc viu. Pq se a gente entra na sessão e só descobre lá q é dublado, acho q eu ia aparecer no fantastico por parir um elefante rosa no meio dum cinema

- na verdade eu bem achei que tava errado, mas renata disse que aqui isso é possivel...

- O mais legal é q se, bobear, alvin e os esquilos entra com uma legendada às 22

- po perdemos uma oportunidade de fazer dinheiro com a sua fama de homem paridor de elefantes rosas então

- cara, tem erro no site na capa diz q é legendado e dentro diz q é dublado, tem q ligar pra la pra confirmar

- mas se vc liga só atende a voz da mule... xover

- bom, a mule deve estar mais certa q o site

- ela ta é morta... Essa voz dela nao é de Deus nao

- é uma cearense q tá falando? Tinha uma gravação que era sensacional

- é uma gravaçao de uma mulher que nao tem uma foda bem dada há séculos

- então...tinha uma q era uma cearense falando "vátchimeim"...eu chorei de rir...foi a ultima vez q usei pra saber do horário...

- ushasuahaushaushaushausha... fiquei 3 horas pra entender que era watchman... Ai pera q distrai e passou... to ligando de novo...shhhhhhhhh
cara tem kinoplex 20? pq ja tá no 27... sério.
Putz, perdi de novo... eu acho q ela nao falou...a mulé não fala não...ou seja,3 informações nós temos. Joga no vaso sanitario e o que boiar tá valendo.

- acho q se chegar lá e for dublado, tem que ganhar ingresso gratis pra alvin e os esquilos 2

- suahsuahsuahsuahsuahsuahuaha...eu tb acho. Boto super fé.

- marcella, vc tá ficando débil.

- caudique?

- liguei pra lá e tá dando a programação de ontem!

- uai

- e vc igual mongol escutando

- eu só disse que não tem o filme que a gente quer ver

- falou "programação dos dias tal e tal"

- HUSAHAUSHAUSHAUHSAUHSUAHSUAHSA...ela fala isso????

- foi a primeira frase q ela falou

- ah então ela tá certa, pq ontem nao tava passando esse filme :)
confio na mulé!

- oh god


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Happy day



Porque você sempre foi a melhor parte de mim. Sempre foi quem esteve ao meu lado enquanto eu chorava. Quem ajudou a catar todos os meus caquinhos, sem se importar de colar comigo, sabendo que eles iam logo, logo estar despedaçados novamente. Quem riu comigo, sem nem saber porquê. Quem riu comigo sabendo exatamente os porquês. Quem pulou por mais tempo, quem gritou mais alto, quem abraçou mais forte. Porque você é assim, ganha em tudo, até em chegar 4 dias antes de mim. Quem entende minhas loucuras e para quem eu nunca precisei me explicar.
É de você que eu sempre lembro quando dizem a palavra amor. E, de maldade, fez questão de ser você também de quem eu sempre lembro agora, quando dizem a palavra saudade.
Eu te amo. Assim mesmo, com todas as 7 letras, que quase ninguém me ouviu dizer. Porque uma coisa é dizer bonitinho, outra é dizer inteiro.
E com você, se não for inteiro, nem precisa começar.
Por isso é que nós somos de vida inteira. Tanto que ja disse, e repito: nossos caminhos se afastam e se juntam, como outros quaisquer, mas estão indo para o mesmo lugar.
Desde sempre, e para sempre.

Parabéns, e obrigada.

...e um dia eu vou comprar um peugeot hawking e colocar no nome dele de R. só pra te homenagear... :P

Ok, isso foi só pra você rir e engasgar com o catarrinho que ta escorrendo do seu nariz (porque se não falarmos de atividades intestinais ou nojeirinhas, não somos nós)

E enquanto eu não tomo vergonha na cara e faço um mais decente, não canso de ver esse aqui só pra lembrar. (e morrer de vergonha das minhas piores fotos)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A tal estrelinha...


E ali no meio de toda aquela poeira e aço derretido ela encontrou a tal estrelinha, uma que tinha se perdido há tanto tempo que ela chegou a esquecer que existia. Percebeu que ela só aparece quando a gente menos espera, talvez até não devesse brilhar. No entanto, está ali. E brilha.

Mas só te ilumina quando você começa a acreditar.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Encanto, culpa e perdão.

Eu ultimamente não tenho conseguido me escrever, mas tenho me lido - ou me relido - em algumas coisas.

“Me encantei. A culpa é minha. Minha e das minhas expectativas. Minha e das minhas lamentáveis escolhas. Minha e do meu coração lerdo. Minha e da minha imaginação pra lá de maluca. Então, com licença, deixe eu e minha culpa em paz. Eu e meu delicioso perdão por mim mesma. Eu só te peço uma coisa. Para de culpar a vida. Pare de ter pena de você. Se assuma. Se aceite. Se culpe. Se estrepe. Se mate. Mas se perdoe. Pelo amor de Deus, se perdoe. Somos todos culpados, se quisermos. Somos todos felizes, se deixarmos.” (Fernanda Mello)

E eu me deixo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Hoje


Ainda vai chegar o dia em que eu vou sonhar uma coisa horrível com alguém, mas bem feia mesmo, de acordar triste e chateada... E ele, sem saber, vai ligar de manhã e dizer: "alguma coisa me dizia pra te ligar e te dar bom dia. Tô com saudade".

Ei peraê... Sabe que dia é esse?

Hoje.

domingo, 25 de setembro de 2011

Aos 14, aos 16, aos 30...


Eu tinha 14 anos quando me apaixonei pela primeira vez.
Tirando a vez que me apaixonei na 4ª serie e assustei o pobre menino. E tirando a vez que me apaixonei por um outro menino mas mudei de idéia ao finalmente ser seu par na festa junina e ficar com nojo dele porque ele sempre ia suado pra treinar (acaba com qualquer paixão o treino da quadrilha ser depois da educação física), o que me fez inventar uma desculpa pra não dançar na festa. Poxa, além de suado ele parecia que rolava na areia de tão sujo que ficava. (mas tinha um nome estranho, pode ter sido por isso...)
Ok, eu não tinha 14 anos quando me apaixonei pela primeira vez. Mas eu tinha 14 anos quando sofri por amor. Ok, isso também não é verdade, porque sofrer mesmo eu sofri aos 28...

Ta ficando difícil começar essa história...

Eu tinha 14 anos quando me apaixonei por uma pessoa e a beijei.

...é, isso é verdade.

Eu não fui a adolescente mais bonitona, mais saidinha, mais gente boa. Na verdade, muito pelo contrario. Eu usava óculos, tinha peitos enormes, era gordinha e tinha cabelos cacheados que nunca souberam achar o ponto certo entre Gal e Elba...e Aslam.
E já era um poço de acidez naquela época. Porque desde então, era a minha forma de me defender...
Mas desde aquela época também eu era a pessoa com a qual você poderia contar. Como passar a noite de reveillon em Itaunas, cuidando do amigo que torceu o pé querendo entrar de graça no Buraco do Tatú, e ao invés de me acabar com os nativos, ficar até as 4 da manhã sentada no chão (já que tinha dado a minha cadeira pra ele), contando histórias e falando mal dos outros, porque se ele não ia dançar, não importaria muito se eu também não dançasse.
E talvez esse tipo de coisa neutralizasse um pouco minha acidez.

Fato é: eu era gorda, grossa, mas era fofa.
E conheci esse cara.
...que tinha 21 anos!

Triste né? Ele nunca olharia pra uma menina gorda de 14 anos.
E não olhou.
...olhou pra menina de 16.

Que ok, continuava gordinha, de óculos, cabelos jungle style. Mas tinha 16, e já ia nas festas da UFES, era mais descolada, e já sabia até conversar.
Sim, durante dois anos eu fiquei apaixonada por um cara. Meio atrapalhada entre vários outros caras, porque a vida te dá muitas distrações. Pois quando se é amiga de uma loira com corpo escultural e bunda de passista, sempre sobra um carinha pra você. O amigo do carinha que quer ficar com ela e se propõe a ficar com a amiga feia por exemplo... Não reclamo não... Me diverti bastante, inclusive.

Mas eu gostava mesmo desse cara. Que era um dos caras mais incríveis que eu já tinha conhecido (acho que até hoje ainda é).Todo mundo dizia que ele era meio doido. E era mesmo. Mas ele era daquele tipo de cara que é tão inteligente que pensa coisas inusitadas, algumas pessoas entendiam, outras não. Eu entendia. Eu entendia ele conseguir dormir 10 minutos na mesa e acordar novo em folha pra curtir o resto da noite. Eu entendia ele propor as meninas um namoro pré-fixado em 2 meses (adorava essa idéia dele inclusive, pois sabia que aquela vagabunda dos infernos duraria só 8 semanas). Eu entendia quando ele me pegava no colo porque mulheres não podem pisar no quebra-molas. E várias outras coisas que hoje eu já não me lembro mais, mas com certeza entendia.

Ele foi o primeiro cara que tocou violão pra mim. “Matinee no Ryan”. Tenho até hoje a letra, escrita por ele, numa folha de caderno.

Mas então... Aos 16, dois anos depois de muitas histórias, com ele, sem ele, nós finalmente ficamos. E foi divino. Ele era o máximo realmente. Passamos o dia inteiro juntos e no fim da noite acabamos nos beijando.
E fim.
Fim mesmo. Essa foi a única vez que eu fiquei com ele.

Ele continuou indo à minha casa, cantando pra mim, fuçando meus cd’s. Mas nunca mais ficamos. E foi péssimo. Vide meu diário de 1998...
Sim. Anos depois eu ainda gostava desse cara. A gente ainda freqüentava os mesmos lugares, conhecia as mesmas pessoas e isso dificulta um pouco as coisas.
Mas eu acho que ele nunca soube.

Depois de ficarmos, ele aparecer na minha casa no dia seguinte e eu fechar o portão da garagem nele, pode ter dado uma idéia errada. Confesso.
Ele tinha feito alguma besteira, não lembro qual, mas que realmente me deixou possessa. E se ele não corresse, estaria até hoje lá esmagado entre o portão e a parede.
Depois ele reconheceu, e pediu desculpas. Mas nunca mais ficamos.
Só começou a passar quando ele foi morar na Inglaterra. Mais do que o tempo, a distância é uma coisa que faz sarar. Confesso que quando chegou o convite do casamento dele, eu chorei. E lembro até hoje, que no dia do casamento choveu. E ele seguiu a vida dele, eu a minha. Casamos, separamos e nunca mais nos vimos.
Ano passado encontrei com ele novamente. Ele bateu no meu ombro
- Marcellinha??
E me abraçou.
Daquele abraço de meia hora e 800bpm’s.
- Você está linda!
E foi embora. Porque eu estava com um cara. E sinceramente, tive vontade de jogar o cara bueiro abaixo depois. O cara não chegava aos pés dele. Não que eu gostasse dele ainda, mas ele me fez lembrar que caras como ele existem.
Ele estava mais velho, mais grisalho, meio careca, todo esquisito. Mas ainda era ele. E às vezes é só isso que a gente precisa.
Alguém que não seja destruído pelo tempo. Alguém cuja memória você tem dele não desmorone em três segundos. Alguém do qual você se orgulhe de ter se apaixonado um dia.
Hoje não gosto mais dele. Seguimos, crescemos e mudamos. Mas sempre que lembro dele, lembro com carinho, e só com carinho.
Porque nessa minha vida de tantos erros (ou só de erros). Esse foi um acerto que não deu certo. Mas que nunca vou me arrepender.



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Bem melhor do que conchinha.


Engraçado que eu sempre precisei do meu espaço, precisei do meu ar, porque achava que era confortável. Nunca consegui dormir de conchinha. Talvez porque eu não soubesse que o conforto está em dormir amontoado. E hoje tudo o que eu quero é dormir sufocada, no pescoço daquele que eu não terminei de encontrar.

Melhor do que Conchinha
(Fabricio Carpinejar)

Não será dormindo de conchinha que revelamos amor na primeira noite.
A posição é excessivamente controlada. Posada.
Tem até lógica: prevenir o roubo do lençol. Mas a cena não ultrapassa a praticidade romântica. É um pouco infantil, uma regressão ao ventre. Nesta hora, ninguém precisa mais de posições fetais. E do colo de mãe.
Amor se revela quando os dois vão dormir e se acordam amontoados. As pernas femininas sobre as pernas do homem, os braços enrolados como fantoches, os beijos agora suspirados; uma sensação de clandestinidade no próprio corpo. Como um barco cubano, absolutamente ilegal, atravessando o Oceano Atlântico em direção à Miami.
Quem apaga amontoado confessa atração química. Não se rendeu, apesar do gozo, do sono, do medo de ser inconveniente. Sentirá câimbras, formigamentos. Ou não sentirá nada de manhã com a dormência dos movimentos. Qualquer que seja o imposto, não se mexe. Não abandona sua vigília. Não confia que conquistou, que seduziu, que concluiu.
O casal amontoado é ambicioso. Ambos não dormem juntos, já moram juntos um na nudez do outro. Como se estivessem mortos, porém intensos, vivos, alucinando mais do que sonhando.
Os longos cabelos negros encordoando o peito masculino, as coxas ainda atentas, os seios curiosos. A tensão permanece, a conversa prossegue no escuro com exclamações ilegíveis, a mão é um abajur aceso. Não é um descanso organizado, planejado; é um sono de fundo falso, agitado de sons, sobrevoando o conforto. Uma ânsia de ficar junto de qualquer jeito, aproveitar toda a pressa da pele. Finge-se desmaio para prosseguir o trabalho com a respiração.
O casal pode estar exausto, arrebentado por tudo o que foi dado, mas ele e ela ainda se caçam de modo involuntário. Entendem que o sexo pede mais carícia. Não foram cada um para seu lado, aliviados do prazer. Muitos menos desejaram a tranquilidade caseira do encaixe. Não se cansaram da proximidade. Estão lutando pela permanência na memória, brigando para não serem esquecidos, insistindo para que se telefonem no dia seguinte, arrumando motivos e desculpas.
Amontoar é o momento em que mostramos que o cheiro nos agrada, que não há como voltar a ser como antes.
Significa que nenhum dos dois vai se separar de manhã. Não terminaram de se encontrar.




quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Pedacinho...


- Um pedacinho de mim tá ficando aqui sabia?
- Que bom! Você vai ter que voltar pra buscar...
- Mas eu volto, não pra buscar... Cuida, que é seu.


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Romantismo é o mal do século


- e Jujuba Maluquinha que está numa vibe revival do mal do século?
- aushaushausahusahsuahsauhsa
- (como eu lembrei o nome dessa corrente literaria nao me pergunte)
- BYRON
não é?
- ah, ai vc força
- Lord Byron
- mas era uns lances meio depressão, noite, oh como sofro, perdi a mulé q eu amo
acho q Byron é ja romantismo nao?
mal do século acho q é antes
ah sei la
isso td ai
- ééé mas ta certo
romantismo é o mal do seculo
cara, sério que a gente ta falando disso?
- huashuashuas
pq?
aqui tb tem cultura
A outra vertente, focada no individualismo, traz consigo o culto do egocentrismo, vazado de melancolia e pessimismo (Mal-do-Século). Pelo apego ao intimismo e a valores extremados, foram chamados de Ultra-Românticos. Esses escritores como Byron, Alfred de Musset e Álvares de Azevedo beberam do Sturm und Drang alemão, perpetuando as fontes sentimentais.
- A segunda geração, também conhecida como Byroniana e Ultra-Romantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.
- ashuashuas
issae
- cara, como a gente é inteligente
orguio


sexta-feira, 15 de julho de 2011

Entre o fim e o começo é tudo o que eu sou


Eu nunca fui uma pessoa fácil.
Eu sou grossa, incoerente, intolerante e extremamente impulsiva.
Mas o que pouca gente sabe é que eu sou grossa para me defender. Se eu fui grossa com você, é porque você foi muito amado. Ok, às vezes eu sou ríspida com pessoas que tentaram me incomodar, mas não é grosseria. Eu só não sei ser falsa. Eu não te chamo de amigo, se você não for, eu não digo que te amo, se não te amar.
E eu não acho isso bonito, e gostaria de mudar.
Ser aquela sonsa que todos gostam, ou um amor de menina que todos comentam pela afabilidade.
Mas eu não sou.
O que pouca gente sabe é que eu choro feito criança quando perco um amor.
Que eu peço por favor pra me amar, porque é dificil perder alguém sem antes lutar. Eu não deixo ir embora esperando voltar, eu corro atrás mas não posso prender ninguém.
O que pouca gente sabe é que eu não desisto na primeira briga, na verdade eu brigo para não desistir.
E não vou desistir.
Nunca.
Pelo menos de tentar.
Eu aprendi que poucos homens sabem lidar comigo, uns conseguiram tirando de mim quem eu sou, outros acharam que conseguiriam e não conseguiram. Mas eu sei que haverá aquele que saberá que não é preciso lidar comigo, só é preciso querer estar comigo. Porque quando existe isso, a gente constrói um mundo. Eu aprendi que eu quero, acima de tudo, encontrar alguém que não lide comigo. Alguém em quem eu possa me aninhar em seu peito e ser, sendo quem eu sou, tudo o que ele precisa que eu seja.
Alguém que entenda que aquela menina que fala quase sem pensar, é a mesma que cuida quase sem querer.
Não queira de mim, sensatez no fim.
Mas pode contar com toda a minha doçura, que quase ninguém vê, por todo o meio do caminho.




quarta-feira, 25 de maio de 2011

A dupla mais sincera da cidade


- nossa
e vc q me fez ver aquele clipe da banda mais etc

- eu fiz?
nem eu vi

- e agora tem 12874879 parodias
fui ver o q era né
mas 30s daquela música é lavagem cerebral

- uashaushaushauhausha
vi não
agora VC vai me fazer ver
vê como são as coisas né?

- http://www1.folha.uol.com.br/folhateen/920209-parodias-da-banda-mais-bonita-da-cidade-pipocam-na-internet.shtml

- se vc colocar de lado toda a sua dignidade vc pode ate gostar
pensa- despensa - penteadeira
ok né...

- haushasuhas

- fora que no fim tem uma mulher de franja enrolada com UM CACHO
ah não é o fim
é o meio
é que é tao igual que eu achei q tava acabando

- ashuahsushushaushaushaushasuhas
BOA
cara
de boa

- e um cara que precisa tocar tão bem uma bateria que tá com um CACHORRO NO COLO enquanto toca

- não cabe uma PENTEADEIRA no meu coraçao nao
no maximo um criado mudo

- AUSHAUSHAUHSAUHSAUHSA
ATÉ PQ PENTEADEIRA É DE PUTA NÉ?

- USHAUSHAUSHUASHUASHUASHUASHUAS
ou de vó

- tem gente demais de franja reta nesse clip

- ou puta vó
sei lá

- GENTE DEMAIS de franja reta. I rest my case

- eu só vi a monga vocalista
tem mais? agora vou ter q ver de novo
te odeio
cara

- tem vocalistra, tem umas vinte pererecas saltitantes

- só sei de uma coisa
TUDO DCE
do moral pro cão. guentou de boa sem avançar em ninguem

- uashaushaushaushauhsa
tentou fugir, mas foi pacifico

- surdo, eu imagino

- ushaushaushaushaushauhsauhsauhs
lista das musicas "canção para nao mais voltar", " cantiga de dar tchau"
tipo, não foi ainda? se é por falta de adeus...gudi bái.

- hsuahsuashuahsaus
HAUSHAUSASUHAUSASH

- a banda mais repetitiva da cidade vc viu??????????
AUSHAUSHAUSHAUSHAUHSAUHSUAHSUAHSAUHSUAHSA

- sim

- CHOREEEEEEEEEI
a canção nao é tão longa como pensa, só 8 versos ela não é muito extensa!!!!
USHAUSHAUSHAUHSUAHSUAHSUAHSA

- é tao comprido q eu vou tomar banho, ja volto


fim.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Mais um pulo


Eu e a minha incurável mania de me atirar de cabeça em poças d’água.

Não tem jeito, ela está ali, no meio da rua, praticamente uma gota solitária e esse meu astigmatismo me faz ver um lago lindo, límpido e profundo. E eu que nem boa mergulhadora sou, em nenhuma das vezes mergulhei sequer de barriga. Sabe aqueles mergulhos estupendos de barriga que algumas pessoas dão quando criança, que ficam ardendo uma semana e que hoje fazem essas pessoas entrarem na água polidamente, pé ante pé? Então...esses ensinam. E por isso eu nunca aprendi. Quem sempre mergulhou de cabeça nunca teve essa sensação e insiste em ser radical... O problema está quando, além de radical somos enganados por nossa visão. Por alguns instantes - aqueles exatos entre o pulo e a queda - isso parece ser o mais sensato a se fazer. Você está ali, o ‘lago’ está ali, o dia está quente... O que mais é preciso pra sair correndo e dar aquele salto em direção à água?

Talvez mais informação, uma segunda opinião, muitas vezes uma terceira, quarta, quinta... Menos afobação, menos necessidade de ser feliz tão imediatamente.

A última que eu me aprontei não foi com uma poça. Me deparei com uma areia movediça, cercada com arame farpado, minas, bombas caseiras, armadilhas, placas de ‘não se aproxime, propriedade privada’ e sabe o que eu fiz?

Novidade, pulei. Só que dessa vez, pulei de pé. Com cara de assustada e de braços levantados, pra ficar mais fácil de alguém me salvar.

To me afogando ainda, mas dessa vez nem tá doendo mais...


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Porque eu ainda sou eu...


Eu só queria alguém que não acreditasse em mim quando eu disesse que eu não sou boa. Que me desmentisse sorrindo e que me soubesse mais que eu mesma.
Pra quem eu não precisasse dizer que isso tudo é armadura, proteção, manto. Porque sem isso o coração mole não sobreviveria ao primeiro peteleco. Quem dirá aos atentados terroristas que já sofreu. E eu sempre tentei me justificar, me defender, quando me interpretavam mal. Devia, na verdade, ter ouvido o que meu pai me disse: "se for seu amigo te entende, se não for, não adianta querer explicar"
Ok, confesso que posso ter forçado a barra demais tentando ser durona. Mas quem nunca exagerou nessa vida?
Hoje eu já não tento mais nada, eu vivo, sem querer mostrar ser durona, ou boa demais. Só decidi o que não vale a pena.
Eu queria tanto e não via que já tinha quase tudo. E o que eu não tinha, viria, assim que eu deixasse de procurar. E viria, porque me sabe, me aceita e principalmente, me enxerga além do que eu exponho. Os que não tentaram me mudar foram os responsáveis por eu querer isso. Porque eu não tenho que mudar pelos que não me aceitam. Eu tenho que ser melhor pelos que me querem bem. E principalmente, por mim.
Não fiquei boba, não fiquei sonsa, não me mudei para o mundo dos "finjo eternamente ser boazinha", não desejo paz e luz a todos os seres humanos - porque tenho discernimento, não me esforço para ser amiga de todo mundo e ainda tenho mil respostas na ponta da lingua.

A única diferença é que agora eu não abro a boca pra qualquer um. Principalmente para os que eu sei que nunca vão entender.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A Segunda Grande Merda


Toda grande merda precisa de duas coisas: ócio e criatividade.

E digamos que isso nunca me faltou.

Alguns anos depois da Primeira Grande Merda, minha mãe resolveu ir ao centro da cidade e me deixar em casa sozinha com a minha irmã, na época eu tinha uns 6 (7,8) anos e ela 16 (17,18).

Eu fiquei realmente brava, porque adorava ir ao centro da cidade. Sempre achava uma longa viagem (de 15 min) e dormia no onibus, no colo da minha mãe. Chegava lá, enchia o saco pra lanchar nas Lojas Americanas ou na Mesbla e depois de comer enchia o saco pra ir embora (afinal, nasci e morrerei gordinha). Bem, talvez por isso minha mãe tenha resolvido me deixar em casa...

Como eu já disse, minha familia sempre morou muito perto. A familia do meu pai mora toda em um único terreno. Nessa ordem: minha casa - casa do meu tio - casa da minha tia. E na época nossos quintais eram abertos, interligando as três casas e um terreno gigante que antes era uma chácara.

Minha tia tem problemas de saúde e por isso meu tio contratou uma familia, que cuida dela. Na verdade não precisava ser uma familia, mas meu tio achava que, já que ela tem uma casa, pra não ficar vazia, poderia ajudar uma familia toda, ao invés de contratar uma enfermeira só. Ai sei lá... Só sei que o filho dessa moça que cuidava da minha tia tinha também seus 16 anos e estava de conversê com a minha irmã, na casa da minha tia e eu lá entediada olhando pros dois...

Até que me entediei demais e falei com ele: "vamos brincar de pique-esconde?"

Juro que ouvi ele dizer "tá, tá". E por isso sai correndo para me esconder.

Provavelmente ele nem ouviu o que eu disse, e falou o "tá, tá" para eu calar a boca... E diria isso se eu pedisse um milhão de dolares...

Fato é que sai correndo e me escondi. Atrás de uma poltrona do quarto da minha mãe. E fiquei lá.

Minha irmã só percebeu que eu tinha sumido quando a minha mãe chegou. Porque ficar comendo jambo (ou jabuticaba, ou siriguela, ou caju, ou goiaba, ou jaca, ou manga, ou qualquer fruta que tivesse no quintal) devia estar mais legal do que reparar que a irmã tinha desaparecido.

Eu estava realmente puta da vida porque ninguém tinha me achado e já estava me preparando pra sair quando ouvi alguém gritando por mim com aquele tom de voz "vou te matar" e lembrei "se eu sair agora, tomo esporro, se eu demorar eles ficam preocupados e eu me safo", tal como na primeira grande merda. Vão pensar ou que eu fugi, ou que morri, ou que me roubaram (acho que não sabia o que era sequestro ainda) e quando eu aparecer vão ficar tão felizes por eu estar viva, que não vão brigar tanto comigo".

Resolvi então esperar que ficassem bem preocupados por mim. Dei até uma cochiladinha atrás da poltrona, de tanto que fiquei por lá.

Quando acordei, só ouvia gente gritando, gente chorando, telefone tocando. Até que percebi que tinha muita gente falando, e muita gente chorando... Devia ter no minimo umas 20 pessoas na minha casa... E comecei a prestar atenção no que diziam, até porque com toda aquela fuzaca eu já não conseguia cochilar mais...

Me dei conta de que minha mãe já tinha ligado até para a policia, achando que eu tinha sido sequestrada. Tirou meu pai do trabalho e mandou ele correr pra casa, ele que na época estava sem carro estava voltando pra casa de ônibus pra ver o que tinha acontecido (ele estava sem carro mas eu acho que não era culpa minha não...afinal nessa época ja tinha dado tempo dele consertar o estrago da Primeira Grande Merda). Já tinha perguntado de mim para todos os vizinhos, que logo depois já estavam na minha casa...

E pensei, "ok, acho que tá bom né? Mas e agora, como eu saio daqui?" Não podia simplesmente aparecer na copa e dizer "tchanãããã", porque ia matar metade daquelas velhas de susto. Sinceramente, fiquei meio sem jeito de sair depois que vi a comoção que eu causei. Tinha que ser algo mais dramático do que aparecer com cara de sono, bocejando e perguntando "o que aconteceu por aqui? é festa?"

Esperei então, por mais uma hora aproximadamente. Até a hora que minha mãe resolveu ficar um pouco sozinha no quarto, rezando pros santinhos dela que ficavam no criado mudo. Ela sentou de um lado da cama e eu fui me arrastando até o outro lado e fiquei escondida atrás da cama, só aparecendo o olhinho pra ver se ela me reparava. Levantava e abaixava... Fiquei um tempão fazendo isso... E ela não dava bola. Depois ela disse que achava que eram as outras crianças que estavam lá em casa, brincando, porque tinha uma penca por lá.

Foi uma cena tocante quando ela se deu conta de que era eu do outro lado da cama. Sabe quando a pessoa se vira, acha que não viu nada e depois tem que olhar de novo pra conferir se é verdade mesmo? Foi bem assim... E ela me abraçava tanto, chorava tanto que fiquei até meio arrependida de ter feito isso com ela. Talvez eu devesse ter ficado no meio termo entre, o "só me escondi" e o "desapareci por 5 horas". Mas né? Meio termo nunca foi o meu forte...

E ela me levou no colo pra sala como se eu fosse um troféuzinho, chorando e feliz... Todo mundo perguntando onde eu tava, de onde eu apareci, o que tinham feito comigo.

Eu disse que tinha dormido atrás da poltrona e não ouvi ninguém me chamar. Que estava brincando de pique-esconde com o Coelho (cujo nome era Paulo, sem sacanagem...) e ele não me achou. Lógico que ficaram putos com ele. Afinal, quem faz isso com uma criança? Deixa ela escondida por horas? Só um monstro.

E lógico que não adiantou nada ele dizer que eu, na verdade, estava brincando sozinha, uma vez que ele não foi avisado que estava brincando comigo. Apesar de todos os esforços dele, a cara de reprovação das tias velhas por ele ter feito isso comigo foi espetacular...Afinal ele era o adulto, ele tinha mais culpa que eu.

E todo mundo me abraçou, me beijou...

E eu ganhei muitos presentes. Entre eles um óculos gatinha da hello kitty foférrimo. Que usei no dia seguinte pra ir à praia, mas meu primo ficou meio bravo, como podem perceber na foto abaixo, pois essa merda eu fiz sozinha.


"só te abraço depois que eu forjar meu sequestro também"


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A Primeira Grande Merda


Que eu já fiz muita merda nessa vida, não é novidade pra ninguém. Todo mundo fez, na verdade, eu só resolvi enumerar as minhas merdas mais significativas, e contar como elas aconteceram.

Nessa particularmente eu tive um parceiro no crime. Meu primo. Aquele doente. Lembram dele? Então, esse mesmo. E essa minha primeira grande merda me deu tudo o que eu precisava para a segunda grande merda (mas isso já é um outro post).

Toda a minha família sempre morou perto. E é assim até hoje. Tanto os irmãos do meu pai, quanto da minha mãe. O que sempre me frustrou um pouco, pois passar férias na casa dos tios era literalmente atravessar a rua, no máximo andar um quarteirão. E com isso imagina o fuzuê que sempre foi minha casa. Como não tinha portão, a gente nunca sabia quem estava por ali... Do tipo acordar e ver primo reclamando “pô, não tem queijo nessa casa não?” enquanto fechava a geladeira e fazia um sanduiche com Nescau, com o último copo de leite, me deixando sem café da manhã (e eu não sei ao certo dizer se isso aconteceu em 1989 ou semana passada)...

Um belo dia, todo mundo por ali, e eu e meu primo sem ter o que fazer... Meu pai tinha um fusquinha branco, que ficava estacionado na varanda. Varanda essa que é a única entrada da casa, o que fazia ele estacionar o carro um pouco torto, para as pessoas poderem passar mais confortáveis e do muro - sem portão - até a varanda tem uma pequena ladeirinha. Estou falando isso para vocês visualizarem a cena do crime.

Voltando... Eu e ele sem ter o que fazer. Não sei como, descobrimos que o carro estava sem o freio de mão puxado... Ok, a gente não fazia idéia do que era um freio de mão. Descobrimos na verdade que: “óóó a gente encostou no carro e ele andou, que massa”

E eu não sei realmente se a gente confabulou alguma coisa, ou só nos entreolhamos e começamos a empurrar. Eu só sei que tínhamos, no máximo 5 anos, e aquele fusca estava mais pesado que uma Scania. Ficamos horas a fio empurrando, empurrando e empurrando. Literalmente. Sério, foi muito demorado e cansativo. E eu não sei como não notaram, ou não sentiram nossa falta. Mas sinceramente? Se nos viram e nos subestimaram, bem feito por duvidar da nossa força. E se não perceberam nossa ausência, bem feito, por serem péssimos pais.

Ao fim de uma longa jornada de trabalho, conseguimos!!! Empurramos o carro ladeira abaixo! E ficamos realmente felizes ao terminar o trabalho de ‘empurro’ pois ia ser lindo vê-lo parar no fim da ladeira, ou no meio da rua. Estávamos pulando de felicidade, com os bracinhos pra cima e rodopiando na ponta dos pés saboreando o doce sabor da vitória, quando ouvimos um estrondo.

...Lembra que meu pai deixava ele meio torto? Pois então.

...O resultado foi que destruímos um carro... e um muro.

Eu acho que nunca na minha vida eu devo ter feito uma cara de “fudeu” mais “FUDEU” do que a que eu fiz nesse dia. Eu realmente não lembro muito bem a minha reação, mas acredito que ficamos paralizados, de bracinhos pra cima e na ponta dos pés mesmo.
Em 30 segundos apareceram 80 pessoas que não passaram por nós em mais de 1 hora. Eu não tinha sequer noção de que tinha tanta gente na minha casa...

- o que vocês fizeraaaaam meu Deeeeus????” (cara do quadro ‘O Grito’)
- a gente só empurrou. (cara de gato de botas do Shrek)

As frases a seguir vieram de várias pessoas que estavam presentes, enquanto eu repetia baixinho respondendo à todas com “a gente só empurrou, assim ó...” (e fazia o gesto com a cara de esforço inclusa. Afinal tinha dado um trabalhão)

- Só empurraraaaaaaaaaaam? Só empuraaaaaaaaaaaraaam? (Só...)
- Não é possível, alguém ajudou vocês a fazerem isso. Quem foi??? Vocês não fizeram isso sozinhos... (O tia, duvida não hein, vem querer dar os louros pra sua filha não)
- O que vocês pretendiam com isso??? (Nada...Empurrar um carro.)

Até que alguém falou uma frase que mudou toda a situação, que até então, estava bem desfavorável para nós...

- Ainda bem que não tinha um empurrando e outro puxando. Senão um dos dois estaria ou atropelado, ou entre o carro e o muro.

Sabe o que é todo mundo calar a boca em 2 segundos? Foi o que aconteceu. Porque ninguém tinha se dado conta disso. Duas crianças, um carro e um muro. A chance de alguém morrer era bem significativa.

E do “o que vocês pretendiam com isso?” começamos a ouvir “nossa você está bem?”, “machucou não?”, “ai graças a Deus que foi só o carro” (mãe é sempre otimista) “...e o muro né tia?” (mas sempre tem uma prima que quer piorar as coisas pro seu lado)

O fato é que começaram a abraçar a gente, e a falarem que não poderíamos ter feito aquilo porque a gente poderia se machucar. E levamos uma bronca fofa estilo “não pode porque machuca”. Que convenhamos é melhor do que a bronca estilo, “Você está vendo a merda você fez com o meu carro? Tá vendo a merda??? Tá vendo a merda????”.

Eu não sei quem tirou o carro de lá, não lembro do muro sendo consertado... Afinal, eu tinha 5 anos, não exijam detalhes da memória de uma criança de 5 anos. E sabendo que essa criança sou eu, fiquem felizes de eu lembrar da história... Mas eu lembro que não fiquei sequer de castigo. Afinal, eu poderia ter morrido.

E o mais importante de tudo. Aprendi uma lição. Que não foi :"nunca ouça seu primo e/ou nunca dê idéias à ele", ou: "nunca empurre um carro ladeira abaixo por simples ócio". Foi algo que aprendi para a vida (e para a proxima merda): Se for fazer uma merda, faça uma bem grande. Das de colocar sua vida em risco, ou acharem que você está em risco. Porque isso faz as pessoas ficarem tão felizes em ver que você está bem, que acabam esquecendo o que você fez. Como por exemplo, destruir só um carro...e um muro.



Praticamente Bonnie & Clyde



terça-feira, 4 de janeiro de 2011

De todas as lições...


Aprendi algumas coisas com os homens que passaram em minha vida.

Aprendi a gostar de salaminho, a pescar, a gostar de chá de boldo do Chile (e que ele é completamente diferente do chá de boldo. Carrega com ele a cruz do nome, mas é um incompreendido). Aprendi a gostar de ficar deitada na rede e a entender de Fórmula 1. Aprendi a jogar poker, a dividir o playstation e a gostar ainda mais de música estranha. Aprendi que praia pode até ser legal, assim como as longas caminhadas de mãos dadas. Aprendi a ser um pouco mais bem humorada quando acordo, a gostar de domingo, a me sentir confortável com o silêncio e a achar divertido fazer compras no supermercado. Quase me obrigaram a aprender a fazer minhas coisas sozinha, mesmo estando com alguém. Aprendi que sempre que passamos em blitz rodoviaria devemos ligar a luz e abrir as janelas, e que não devemos deixar os comprovantes do cartão de crédito na mesa do bar. Aprendi que, quando subimos uma escada o homem vai atrás e quando descemos vai na frente, para proteger a mulher. Aprendi que cuidar de homem é igual a cuidar de criança quando estão doentes, não se dá opção nem manda tomar o remédio, tem que enfiar goela abaixo, orelha adentro, dar banho, cafuné e cobertor. Aprendi a cozinhar seus pratos favoritos, ou perceber que eles gostavam mesmo era do gesto de carinho que é preparar um jantar pra quem a gente ama. Aprendi a gostar de fazer churrasco à meia-noite e a sempre perder nas brincadeiras porque perder é bem melhor que ver ele triste. Aprendi que um curió vale uma fortuna. Aprendi que homem também chora com desenho animado e são capazes de cozinhar se bem treinados (mas nunca serão capazes de limpar a cozinha depois). Aprendi que a única forma de entender a relação deles com relógios é compara-la à nossa relação com os sapatos, exceto pelo fato de que relógios são inúteis, sapatos não. Aprendi a gostar de café da manhã na cama, e de café da manhã na padaria e de fazer café da manhã. Aprendi que não consigo mentir nem pra dizer que o pior drink do mundo tava uma delicia e que pessoas anormais comem a batata frita depois de comerem o sanduiche, e não antes, como nós normais. Aprendi a não prometer que vou deixar de comer algo que amo só para agradar a outra pessoa. Cada um deles me ensinou a gostar de um super herói diferente, mas percebi que nenhum Wolverine ou Spiderman será mais amado por mim que o Superman. Aprendi a receber elogios inusitados e a gostar de queijos fedidos. Aprendi que bons pais nem sempre são bons filhos, bons filhos nem sempre são bons pais e principalmente que bons pais ou bons filhos não serão necessariamente bons maridos, mas que se forem péssimos como pais e filhos, serão obrigatoriamente deprimentes como seres humanos. Aprendi que é fácil um relacionamento sobreviver à distância, difícil mesmo é ele não sucumbir à proximidade. Aprendi a me reconstruir, lágrima por lágrima. Aprendi a ser mais boba, a ser mais eu.

Eles só não me ensinaram a me amar, talvez porque nem eles mesmos saibam como.