terça-feira, 27 de setembro de 2011

Hoje


Ainda vai chegar o dia em que eu vou sonhar uma coisa horrível com alguém, mas bem feia mesmo, de acordar triste e chateada... E ele, sem saber, vai ligar de manhã e dizer: "alguma coisa me dizia pra te ligar e te dar bom dia. Tô com saudade".

Ei peraê... Sabe que dia é esse?

Hoje.

domingo, 25 de setembro de 2011

Aos 14, aos 16, aos 30...


Eu tinha 14 anos quando me apaixonei pela primeira vez.
Tirando a vez que me apaixonei na 4ª serie e assustei o pobre menino. E tirando a vez que me apaixonei por um outro menino mas mudei de idéia ao finalmente ser seu par na festa junina e ficar com nojo dele porque ele sempre ia suado pra treinar (acaba com qualquer paixão o treino da quadrilha ser depois da educação física), o que me fez inventar uma desculpa pra não dançar na festa. Poxa, além de suado ele parecia que rolava na areia de tão sujo que ficava. (mas tinha um nome estranho, pode ter sido por isso...)
Ok, eu não tinha 14 anos quando me apaixonei pela primeira vez. Mas eu tinha 14 anos quando sofri por amor. Ok, isso também não é verdade, porque sofrer mesmo eu sofri aos 28...

Ta ficando difícil começar essa história...

Eu tinha 14 anos quando me apaixonei por uma pessoa e a beijei.

...é, isso é verdade.

Eu não fui a adolescente mais bonitona, mais saidinha, mais gente boa. Na verdade, muito pelo contrario. Eu usava óculos, tinha peitos enormes, era gordinha e tinha cabelos cacheados que nunca souberam achar o ponto certo entre Gal e Elba...e Aslam.
E já era um poço de acidez naquela época. Porque desde então, era a minha forma de me defender...
Mas desde aquela época também eu era a pessoa com a qual você poderia contar. Como passar a noite de reveillon em Itaunas, cuidando do amigo que torceu o pé querendo entrar de graça no Buraco do Tatú, e ao invés de me acabar com os nativos, ficar até as 4 da manhã sentada no chão (já que tinha dado a minha cadeira pra ele), contando histórias e falando mal dos outros, porque se ele não ia dançar, não importaria muito se eu também não dançasse.
E talvez esse tipo de coisa neutralizasse um pouco minha acidez.

Fato é: eu era gorda, grossa, mas era fofa.
E conheci esse cara.
...que tinha 21 anos!

Triste né? Ele nunca olharia pra uma menina gorda de 14 anos.
E não olhou.
...olhou pra menina de 16.

Que ok, continuava gordinha, de óculos, cabelos jungle style. Mas tinha 16, e já ia nas festas da UFES, era mais descolada, e já sabia até conversar.
Sim, durante dois anos eu fiquei apaixonada por um cara. Meio atrapalhada entre vários outros caras, porque a vida te dá muitas distrações. Pois quando se é amiga de uma loira com corpo escultural e bunda de passista, sempre sobra um carinha pra você. O amigo do carinha que quer ficar com ela e se propõe a ficar com a amiga feia por exemplo... Não reclamo não... Me diverti bastante, inclusive.

Mas eu gostava mesmo desse cara. Que era um dos caras mais incríveis que eu já tinha conhecido (acho que até hoje ainda é).Todo mundo dizia que ele era meio doido. E era mesmo. Mas ele era daquele tipo de cara que é tão inteligente que pensa coisas inusitadas, algumas pessoas entendiam, outras não. Eu entendia. Eu entendia ele conseguir dormir 10 minutos na mesa e acordar novo em folha pra curtir o resto da noite. Eu entendia ele propor as meninas um namoro pré-fixado em 2 meses (adorava essa idéia dele inclusive, pois sabia que aquela vagabunda dos infernos duraria só 8 semanas). Eu entendia quando ele me pegava no colo porque mulheres não podem pisar no quebra-molas. E várias outras coisas que hoje eu já não me lembro mais, mas com certeza entendia.

Ele foi o primeiro cara que tocou violão pra mim. “Matinee no Ryan”. Tenho até hoje a letra, escrita por ele, numa folha de caderno.

Mas então... Aos 16, dois anos depois de muitas histórias, com ele, sem ele, nós finalmente ficamos. E foi divino. Ele era o máximo realmente. Passamos o dia inteiro juntos e no fim da noite acabamos nos beijando.
E fim.
Fim mesmo. Essa foi a única vez que eu fiquei com ele.

Ele continuou indo à minha casa, cantando pra mim, fuçando meus cd’s. Mas nunca mais ficamos. E foi péssimo. Vide meu diário de 1998...
Sim. Anos depois eu ainda gostava desse cara. A gente ainda freqüentava os mesmos lugares, conhecia as mesmas pessoas e isso dificulta um pouco as coisas.
Mas eu acho que ele nunca soube.

Depois de ficarmos, ele aparecer na minha casa no dia seguinte e eu fechar o portão da garagem nele, pode ter dado uma idéia errada. Confesso.
Ele tinha feito alguma besteira, não lembro qual, mas que realmente me deixou possessa. E se ele não corresse, estaria até hoje lá esmagado entre o portão e a parede.
Depois ele reconheceu, e pediu desculpas. Mas nunca mais ficamos.
Só começou a passar quando ele foi morar na Inglaterra. Mais do que o tempo, a distância é uma coisa que faz sarar. Confesso que quando chegou o convite do casamento dele, eu chorei. E lembro até hoje, que no dia do casamento choveu. E ele seguiu a vida dele, eu a minha. Casamos, separamos e nunca mais nos vimos.
Ano passado encontrei com ele novamente. Ele bateu no meu ombro
- Marcellinha??
E me abraçou.
Daquele abraço de meia hora e 800bpm’s.
- Você está linda!
E foi embora. Porque eu estava com um cara. E sinceramente, tive vontade de jogar o cara bueiro abaixo depois. O cara não chegava aos pés dele. Não que eu gostasse dele ainda, mas ele me fez lembrar que caras como ele existem.
Ele estava mais velho, mais grisalho, meio careca, todo esquisito. Mas ainda era ele. E às vezes é só isso que a gente precisa.
Alguém que não seja destruído pelo tempo. Alguém cuja memória você tem dele não desmorone em três segundos. Alguém do qual você se orgulhe de ter se apaixonado um dia.
Hoje não gosto mais dele. Seguimos, crescemos e mudamos. Mas sempre que lembro dele, lembro com carinho, e só com carinho.
Porque nessa minha vida de tantos erros (ou só de erros). Esse foi um acerto que não deu certo. Mas que nunca vou me arrepender.



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Bem melhor do que conchinha.


Engraçado que eu sempre precisei do meu espaço, precisei do meu ar, porque achava que era confortável. Nunca consegui dormir de conchinha. Talvez porque eu não soubesse que o conforto está em dormir amontoado. E hoje tudo o que eu quero é dormir sufocada, no pescoço daquele que eu não terminei de encontrar.

Melhor do que Conchinha
(Fabricio Carpinejar)

Não será dormindo de conchinha que revelamos amor na primeira noite.
A posição é excessivamente controlada. Posada.
Tem até lógica: prevenir o roubo do lençol. Mas a cena não ultrapassa a praticidade romântica. É um pouco infantil, uma regressão ao ventre. Nesta hora, ninguém precisa mais de posições fetais. E do colo de mãe.
Amor se revela quando os dois vão dormir e se acordam amontoados. As pernas femininas sobre as pernas do homem, os braços enrolados como fantoches, os beijos agora suspirados; uma sensação de clandestinidade no próprio corpo. Como um barco cubano, absolutamente ilegal, atravessando o Oceano Atlântico em direção à Miami.
Quem apaga amontoado confessa atração química. Não se rendeu, apesar do gozo, do sono, do medo de ser inconveniente. Sentirá câimbras, formigamentos. Ou não sentirá nada de manhã com a dormência dos movimentos. Qualquer que seja o imposto, não se mexe. Não abandona sua vigília. Não confia que conquistou, que seduziu, que concluiu.
O casal amontoado é ambicioso. Ambos não dormem juntos, já moram juntos um na nudez do outro. Como se estivessem mortos, porém intensos, vivos, alucinando mais do que sonhando.
Os longos cabelos negros encordoando o peito masculino, as coxas ainda atentas, os seios curiosos. A tensão permanece, a conversa prossegue no escuro com exclamações ilegíveis, a mão é um abajur aceso. Não é um descanso organizado, planejado; é um sono de fundo falso, agitado de sons, sobrevoando o conforto. Uma ânsia de ficar junto de qualquer jeito, aproveitar toda a pressa da pele. Finge-se desmaio para prosseguir o trabalho com a respiração.
O casal pode estar exausto, arrebentado por tudo o que foi dado, mas ele e ela ainda se caçam de modo involuntário. Entendem que o sexo pede mais carícia. Não foram cada um para seu lado, aliviados do prazer. Muitos menos desejaram a tranquilidade caseira do encaixe. Não se cansaram da proximidade. Estão lutando pela permanência na memória, brigando para não serem esquecidos, insistindo para que se telefonem no dia seguinte, arrumando motivos e desculpas.
Amontoar é o momento em que mostramos que o cheiro nos agrada, que não há como voltar a ser como antes.
Significa que nenhum dos dois vai se separar de manhã. Não terminaram de se encontrar.




quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Pedacinho...


- Um pedacinho de mim tá ficando aqui sabia?
- Que bom! Você vai ter que voltar pra buscar...
- Mas eu volto, não pra buscar... Cuida, que é seu.