segunda-feira, 14 de março de 2011

Mais um pulo


Eu e a minha incurável mania de me atirar de cabeça em poças d’água.

Não tem jeito, ela está ali, no meio da rua, praticamente uma gota solitária e esse meu astigmatismo me faz ver um lago lindo, límpido e profundo. E eu que nem boa mergulhadora sou, em nenhuma das vezes mergulhei sequer de barriga. Sabe aqueles mergulhos estupendos de barriga que algumas pessoas dão quando criança, que ficam ardendo uma semana e que hoje fazem essas pessoas entrarem na água polidamente, pé ante pé? Então...esses ensinam. E por isso eu nunca aprendi. Quem sempre mergulhou de cabeça nunca teve essa sensação e insiste em ser radical... O problema está quando, além de radical somos enganados por nossa visão. Por alguns instantes - aqueles exatos entre o pulo e a queda - isso parece ser o mais sensato a se fazer. Você está ali, o ‘lago’ está ali, o dia está quente... O que mais é preciso pra sair correndo e dar aquele salto em direção à água?

Talvez mais informação, uma segunda opinião, muitas vezes uma terceira, quarta, quinta... Menos afobação, menos necessidade de ser feliz tão imediatamente.

A última que eu me aprontei não foi com uma poça. Me deparei com uma areia movediça, cercada com arame farpado, minas, bombas caseiras, armadilhas, placas de ‘não se aproxime, propriedade privada’ e sabe o que eu fiz?

Novidade, pulei. Só que dessa vez, pulei de pé. Com cara de assustada e de braços levantados, pra ficar mais fácil de alguém me salvar.

To me afogando ainda, mas dessa vez nem tá doendo mais...