terça-feira, 30 de novembro de 2010

O que aprendi com Tropa de Elite 2.


Ok, gente. Dessa vez não foi o dia todo traumático. Até porque, a maior parte dele passei dormindo. Se alguém me liga as 6:30 da manhã – depois de eu ter feito bico na noite anterior – pra ir pra puta que pariu do Recreio e Guaratiba, eu até vou à praia, jurando que não faço manha nunca mais na vida, porque algumas pessoas querem te agradar de verdade e rodam 50 km pra ir à praia com você, só pra te levar num lugar que nunca foi antes (fuderosos por sinal)... Mas não é disso que estamos falando né? Estamos falando de mim, em casa, que na falta de um estímulo, prefiro realmente o ar condicionado e o edredon do que o calor dos infernos que tava fazendo sábado.

Mas eu não podia passar o dia todo na cama...Bem, podia. Mas dizem por aí que preciso ser sociável, saber lidar com pessoas, e etc. Essas bobagens que gente sem amigo espalha por aí pra poder receber "bom dia"... Então, pra fazer as vontades da sociedade, chamei meu primo pra ir ao cinema.


Tenho tentado ver Tropa de Elite 2 desde a sua pré estréia. Coisa na qual tenho falhado esplendorosamente. Tinha convite pra pré-estréia. Mas a má noticia veio junto com Wagner Moura, que chegando 5 minutos antes de mim no Santos Dumont, deu a noticia pra Sayo de que ela seria às 10 da manhã de uma quinta-feira. Nem rola, vou pro Leblon beber e dormir até uma da tarde.

Tentei ir com gordo algumas vezes, em uma, a sessão estava esgotada - coisa que ele adorou porque odeia fila - e na outra o lançamento do livro da Martha Medeiros meio que me prendeu na fila por mais tempo do que eu imaginava - coisa que ele odiou porque odeia fila - perdemos a sessão e trocamos o cinema por metade dos sanduiches do McDonalds vendo qualquer filme mesmo.

Desisti, até que meu primo me disse “eu vou com você quando for, me chama, porque quero ver de novo. Da outra vez que eu fui tinha um cara fungando do meu lado e nem prestei atenção.”

Parenteses para explicar um pouco quem é meu primo. Ele é uma pessoa doente. Pra vocês terem noção minha maior diversão é espirrar ao lado dele... Ele sai correndo numa velocidade descomunal. Se enconstamos na manga da camiseta dele ele pede pra encostar na outra “pra ficar tudo igual”. Ele cheira o biscoito de chocolate antes de comer. E sua frase característica é “hein, tá bom, tá bom? Ta bom mesmo? Tá falando sério? Você jura? Tá bom mesmo?” Se referindo a QUALQUER COISA, roupa, carro, sapato, cinto, perfume, corte de cabelo... Podendo trocar o “tá bom?” pelo “não tem problema não?”

Enfim, esse é o meu primo, e é com ele que vou ao cinema.

Fui.

Entrando no carro tive a infeliz idéia de elogiar a camiseta em gola v dele (porque sinceramente, não é qualquer um que fica bem com essa camiseta, você precisa ser magro e/ou de magro pra fortinho, no máximo, ombro largo e tals. E ele tá no magro pra fortinho, mas eu não sou louca de dizer que ele tá magro nunca mais na vida. Da última vez ele me ligou por 3 semanas pra perguntar porque eu achava isso, “não tá bom né? Não tá...Eu to na capa da lacraia...” Nem me atrevi a querer saber o que era a capa da lacraia... Tem coisa que a gente só sorri e acena. ) e ele realmente tava bonito. “Sério? Sério? Tá bom mesmo... E isso eu ouvi da minha casa até o shopping. Com variáveis de “pô to ate com pena de gastar ela pra ir no cinema”.

Ele me deixou na porta do cinema e foi procurar vaga, e ao entrar no cinemark eu vi que a coisa não ia dar muito certo. Sábado. À noite. Nego não vai mais pra motel não? Nunca vi lugar mais cheio na vida, e cheio de gente FEIA. Atrás de mim na fila aquele casal que acabou de se conhecer, ele com cara de peão e ela com FRANJA enroladinha (franja já é tenso, de cabelo cacheado com kolene então é o inferno, convenhamos. Periga pingar da franja e cair no peito sabe? Pode ser devastador), ainda naquele estágio do relacionamento em que a menina finge que aquele anel de 'prata' (meio já descascando aparecendo o plastiquinho) do cara é mó lindão e ele testa pra ver se vai poder comer ela ou não mais tarde “você tem que chegar cedo em casa, né? Não? Ah que bom...” Contabilizando se, com o cinema, vale a pena pagar o motel-não-sei-se-te-como-ou-mato-mosquito e comprar uma pipoca menor ou ficar na Ilha do Boi mesmo e comprar um combo mega...

Eu me distraio do casal amor eterno, amor verdadeiro da fila, quando chega o meu primo , alisando a camiseta “tá bom, tá bom? Ta amassado não?” e pergunta se não é melhor comprar no cartão... A fila tava realmente menor. Mas a ultima vez que fui no cinemark, ainda não aceitava cartão de crédito, e débito é uma realidade so far far away no meu mundo. Mas ele diz que tem, e a gente vai pra fila do cartão. O que não adianta muito pois as pessoas são burras. E auto atendimento em Vitória só vai dar certo quando Deus resolver dar mais um pouco de QI pra nigulim daqui.

Inclusive para o meu primo.

Na nossa vez, de cara com o crime, mais conhecido como poltronas vagas, percebemos que as únicas duas juntas são duas entre aqueles espaços reservados aos cadeirantes. Era perto, era ruim, mas eram as únicas. Pimba D 12 e 13. Ok até a hora de pagar. Ouço alguém verbalizar algo do tipo

- uai, não tem master

-Eu juro que ouvi você dizer “uai não tem master”

-Mas eu disse...Eu nunca comprei assim, achei que tinha...

Eu não sabia se voava no pescoço dele ou me jogava nos braços de algum display. Graças a Deus tinha Visa credito e eu comprei no meu cartão que grita pedindo "pelamordedeus-não-me-use-mais-esse-mês" toda vez que sai da carteira.

Comprados os ingressos, partiu pipoca. Faltando 5 minutos para o filme começar, é querer demais que os atendentes tenham cérebro, ou nem tanto, mas sejam ágeis. Gente, pode me chamar de preconceituosa, mas eu VEJO incompetência na cara das pessoas. Tem gente que não tem chance nenhuma nesse mundo... Nunca teve e nunca vai ter. Gente que fica exatamente 8 minutos pra pegar dois refrigerantes, por exemplo.

Trailer, nem gosto, superestimado entrar no clima de “to no cinema” (Eu sou louca, amo trailer e gosto de ser a primeira a entrar no cinema, me deixa). Entramos com a luz já apagada e ó que legal, tinha gente no nosso lugar... Bem, me disseram que essa coisa de lugar marcado não funciona muito no cinemark ainda. Não vamos criar caso, fomos pras duas cadeiras logo depois (separadas por dois espaços de cadeirantes). Mas chegaram os donos dela e ai sim fomos pedir a nossa de volta. E eu sinceramente ouvi o que nunca imaginei ouvir de alguém são. Era um casal sentado nas duas cadeiras, eu que sou mais pra frente e tava querendo sentar logo, porque precisava me acomodar antes de levantar, ir ao banheiro e voltar pra me acomodar de novo antes do Fofoilo-Nascimento aparecer já fui logo pedindo.

- Voces podem verificar se essas cadeiras são a 12 e 13?

A menina diz:

-Mas onde vê?

Eu já tava me preparando pra dizer que ela precisava se levantar pra verificar na frente do assento, quando o namorado me solta a pergunta mais sensata que já me fizeram

- Essas cadeiras são de cadeirantes. VOCÊS SÃO CADEIRANTES?

Pensei sinceramente em dizer “Ó, eu era, mas encontrei Jesus na bombonière e ele me curou, só que como já tinha comprado meu lugar, ficou meio difícil de trocar”

Felizmente aprendi a não ser irônica. Infelizmente ainda to no meio do caminho de não ser grossa...

- Não somos. Nem vocês. E como nem eu nem você somos acho que quem comprou o lugar fica com ele né? Se algum ACOMPANHANTE de um cadeirante viesse pedir pra trocar comigo, eu trocaria DIBOUA. Mas você apesar de ser acéfalo, sabe andar, então xispa.

Ok, não disse tudo isso, mas metade a gente disse. E ainda chamou de cara de pau alto... Ah, tenho culpa de vida ruim dos outros não, comprou na primeira fila do canto esquerdo, problema seu.

Sentei, levantei, fui ao banheiro. Tudo antes do Pédi-pá-saí aparecer na tela. Curtindo felizona minha coca sem gás (de verdade, amo de verdade) e respondendo sem me irritar se eu tinha lavado a mão antes de pegar a pipoca do meu primo...

Começa o filme.

Cena de ação numero 1.

Meu primo.

- ahhh não é possível, tem alguém fungando do meu lado.

-Cara, do seu lado tem um espaço vazio com uma cadeira de rodas pintada no chão.

- Ah mas é perto, ta ouvindo não.

- Não porque to ouvindo nego gritando.

Passa o filme, ri daqui, ri dali, toma um soco no estômago aqui, outro dali, fiquei por dentro das gírias que já são velhas, quer me fuder me beija, missão dada é missão cumprida, cada cachorro que lamba seu cacete, Curió? Vai cantar o que pra gente? (ok, nessa parte eu ri sozinha e só R. riria comigo provavelmente)

Toda entretida no sentimento de revolta e blábláblá... E em plena tomada do morro do sei lá o quê, com até a vovó de touca dando tiro de fuzil ele me vem:

-não é possível que você não ta ouvindo...Não ouviu agora?

- Ó confesso que esse tiroteio meio que me atrapalhou.

Mas olhei pra trás e vi um cara duas fileiras acima coçando o nariz. Só podia ser ele. E TAVA INCOMODANDO.

E eu juro que o capitão Matias olhou pro meu primo, fez uma cara de “sério mesmo?” e saiu andando... Fazendo um “valeu, jóinha” pro Big Guy quando atiraram nele pelas costas... Porque lidar com isso não é fácil não...

Ele morreu. Eu continuo viva. Mas ir ao cinema ver esse filme, me ensinou que realmente “O sistema é foda parceiro". E sem dúvida nenhuma "tá de pombagirisse comigo”.




4 comentários:

P. disse...

sério, sua família é mas doida que a minha!

Renata Schmitd disse...

sim, eu riria na parte do Curió, e complementaria com: tui tui té té. miss u chubby

Ricardo disse...

Morro de rir com as suas desventuras em série. Como assim você virou cadeirante e eu não sábia? pode deixar que da próxima eu saio com você só pra gente pegar aquela vaga gigante no estacionamento ... rs
;**

Paola disse...

me acabo de rir pessoa!
saudade enorme de vc.. dia 15 to chegando aí!
bjao