terça-feira, 9 de novembro de 2010

Verde bebê.


O dia até começa bem. Recebo uma ligação do Rio perguntando se eu não tinha esquecido de ninguém, porque na verdade, eu não paguei minha conta de celular ainda e meu telefone foi cortado. Acaba que a pobreza vira charme e eu vi que a pessoa até sentiu falta de eu não ter ligado no fim de semana.
Ligo pra Tim e sou atendida por alguém com cérebro que resolve o meu problema em 20 minutos.
A partir daí eu já começo a desconfiar que o dia vai começar a descambar, porque né?
Não tem chance do meu dia dar certo. Não no ES. Não em Vitória. Não na Praia do Canto.
Lógico que hoje eu teria que ir ao banco, e lá fui eu. Hora do almoço, hora em que todos os velhos que ficam sem fazer nada o dia inteiro resolvem que é a melhor hora para transferir 10 reais pro netinho em Bragança Paulista e demorar 20 minutos pra conseguir dizer isso para o caixa. Sim, eu odeio velho em banco na hora do almoço. Mas o que eu odeio mais é gente que reclama de velho no banco. Porque eles poderiam ir num outro horário, ok. Mas é direito deles, foda-se (no caso a gente, eu especificamente, sempre me fudendo).
Uma senhora atletinha as vésperas de ser preferencial também me solta essa:

- Deveria ser assim: um atendimento preferencial, um normal, um preferencial...

Ah, serio? Só pode ser despeito porque faltam 6 meses pra ela poder pegar a senha dos velhos...Eu que já tinha parado de fingir que ouvia Joni Mitchell, não consegui me segurar...

- É né, mas a senhora imagina o tanto de fila que ele já enfrentou na vida? Daqui uns anos vai ser a senhora, e quando for a senhora, não vai querer intercalar né?
- Lógico que não, olha só o tanto que to esperando.
- Pois é, aposto que aquela senhorinha que nem anda direito, pensou exatamente o que a senhora ta pensando, por pelo menos uns 30 anos.

Mas sabe como é comoção em revolta né? Do nada, aparece uma menina que sem vergonha alguma diz:

- É por isso que eu sempre entro na fila de gestante.
- Oi?
- Senão eu nunca sou atendida.
- Ah é sim, pode apostar que é.

E falando com a senhora do lado

- Viu? Por isso, que demora tanto, se preferencial fosse só preferencial né? Mas enquanto quem não é preferencial quer ser, a gente espera e coloca culpa nos velhos.

Vi a menina gordinha vir pra cima de mim, mas nessa hora eu fui chamada e fiz o que eu tinha que fazer, enquanto as duas tentavam ouvir meu nome completo pra colocar na boca do sapo.

Volto pra casa louca pra almoçar, descubro que só tem comida pro irmãozinho querido do esse dois, tomo um chá verde bufando de raiva e vou trabalhar. Lógico que nada dá certo, e nem 18 horas dá.

Provavelmente lá pelas 11 da noite dá 18 horas e eu posso sair correndo pela rua gritando de bracinhos pra cima.

Mas preciso lavar roupa. Coloco uma blusa branca com uma verde. Erro de iniciante (sou iniciante há uns 10 anos, confesso). Agora tenho duas lindas blusas verdes.

Pra comemorar a blusa nova, saio com o cão. Aproveito pra ligar para o Rio, porque meu quarto tem paredes de papel e privacidade é algo superestimado na minha casa.

- ói que legal já to podendo ligar, e ói que legal, lembrei de você agora...
- porquê?
- lavei roupa.
Você sabe que tem algo de minimamente errado numa relação quando você lembra da outra pessoa quando vai lavar roupa e logo em seguida tem que desligar porque seu cão fez poops. (nota para mim: aprender a ligar para as pessoas quando não preciso interromper dizendo que tenho que pegar a caca do cão)

Continuo andando e dou de cara com o Robert Pattinson. Juro. Paradinho na minha frente.
Um display do filme “Remember me” da minha altura.

Ligo pra minha sobrinha:
- Nanna, vi o Edward agora, quer que eu leve pra você?
- Oiiii? Sério???
- Uhum, ali na frente da locadora, ta lá paradinho...Um display, cato pra você. Quer?
- Ai Marcella, já passei dessa fase.
- Graças a Deus, porque eu nunca tive a fase do “passo vergonha roubando display”. (talvez aquele do marley & eu, mas só)

Ligo pra Talita, pra saber se ela quer que eu fique de guarda enquanto ela vem de Vila Velha pra pegar o tal display pra irmã dela, mas lógico que ela tem uma idéia melhor:
- Faz o seguinte: pega, coloca em cima de Simba e finge que você ta passeando de mãos dadas com ele...
Ok, preciso arrumar amigos novos.

No fim do passeio uma mulher grita de dentro de um carro, de um jeito que eu jurava que ela me conhecia. Ou conhecia Simba, visto que ele conhece mais gente nesse bairro do que eu, que só moro aqui desde que nasci.
É claro que ela não me conhecia, mas surpreendente era ela não conhecer Simba também... Saiu ela e o cara que tava com ela de dentro do carro pra falar mal do meu cão.
- Gordinho ele né?
- Não.
- Ah ele é labrador com o quê?
- Labrador. Labrador com labrador. Puro, com pedigree, provavelmente melhor que o seu inclusive. (ok, o insulto eu só pensei)
- Ele tem a cabeça grande né?

Até Simba nessa hora se irritou e pulou em mim pedindo “pelo amor de Deus, vamos embora daqui que eu não agüento mais ser tão insultado”
O cara percebendo o quanto a pessoa que estava com ele era sem noção tentou remediar falando que ele era forte.

Lógico que é! Ó só o tamanho do peito desse cachorro! Gordo é o seu rabo moça. Tá vendo a parte traseira dele? Ta vendo que ali ele não tá gordo? Ele é FORTE. Odeio esse povo que não sabe ver quando o cachorro ta gordo ou não...Ok, ele tá meio gordim... Mas ela não pode falar isso.

-Vou embora que ele não gosta de gente.
Eu também não, mas eu não posso ignorar pessoas enquanto faço xixi no poste.

Estava a um quarteirão de casa e nada mais poderia dar errado.

Não deu.

Eu tinha que primeiro chegar em casa...
Minha mãe chorando... Achei que ela tinha roubado a linguiça guanabara do meu pai, de novo e se arrependido, de novo... Mas não. Era pior. Tinha acabado de voltar do hospital (eu sinceramente não reparei que, quando sai, não tinha ninguém em casa)

- Que foi mãe?
- Quebreeeei a costeeela.
- Meu Deus do céu!!!! Como mãe?
- Ai minha filha... Fui pegar o controle remoto do ar condicionado pra desligar no meio da noite, calculei mal a distância da escrivaninha e cai da cama.

Cara, pode dizer que sou uma péssima filha, provavelmente sou mesmo. Mas chorei de rir.

Nem tão má filha assim, porque fiz ela parar de chorar pra rir de mim, rindo dela.

Ficou tão empolgada que até disse.

- Ó o olho ficou roxo tb, ó...huashauhsauhsa
Toda orgulhosa do hematoma.
E eu toda orgulhosa de Mom.

Ainda mais quando ela disse:
- Linda aquela sua blusa verde bebê que ta secando. Nova ela?

Eu só olho pra cima e digo:

“Ce tá de sacanagem né Grandão?”

Só pode...


6 comentários:

Ricardo disse...

UAHUAHUAHUA AI MARCELLA, SÓ VOCÊ PASSAR POR SITUAÇÕES CÔMICAS ASSIM!
CHOREI DE RIR! vamos pra balada pra você estrear sua new t-shirt! AHUAHUAHUAU ;***

M. disse...

Dizem que é karma... Acho que piquei salsinha na tabua dos 10 mandamentos então...pq, né?

Bora! Quando eu voltar do Rio (SE eu voltar...auhauha) a gente vai. Dia 22 to aqui já eu acho...
uahuahsaushaushausah

Mayara disse...

Se voce quiser roubar o display pra mim, eu bem que aceito, tá? Ainda nao passei dessa fase e nao superei o Edward. E acho que nunca vou superar. Tenho uma forte tendência a gostar demais pra sempre das coisas que gosto demais... E gosto demais dele! =) hahaha

M. disse...

Cara, só digo uma coisa, vc é demais...
=)

Da próxima vez pego pra vc.

P. disse...

é maldade achar muito bom que essas coisas ocorram para vc escrever textos tão bons?

M. disse...

é...muita!

auhsaushushau