terça-feira, 4 de janeiro de 2011

De todas as lições...


Aprendi algumas coisas com os homens que passaram em minha vida.

Aprendi a gostar de salaminho, a pescar, a gostar de chá de boldo do Chile (e que ele é completamente diferente do chá de boldo. Carrega com ele a cruz do nome, mas é um incompreendido). Aprendi a gostar de ficar deitada na rede e a entender de Fórmula 1. Aprendi a jogar poker, a dividir o playstation e a gostar ainda mais de música estranha. Aprendi que praia pode até ser legal, assim como as longas caminhadas de mãos dadas. Aprendi a ser um pouco mais bem humorada quando acordo, a gostar de domingo, a me sentir confortável com o silêncio e a achar divertido fazer compras no supermercado. Quase me obrigaram a aprender a fazer minhas coisas sozinha, mesmo estando com alguém. Aprendi que sempre que passamos em blitz rodoviaria devemos ligar a luz e abrir as janelas, e que não devemos deixar os comprovantes do cartão de crédito na mesa do bar. Aprendi que, quando subimos uma escada o homem vai atrás e quando descemos vai na frente, para proteger a mulher. Aprendi que cuidar de homem é igual a cuidar de criança quando estão doentes, não se dá opção nem manda tomar o remédio, tem que enfiar goela abaixo, orelha adentro, dar banho, cafuné e cobertor. Aprendi a cozinhar seus pratos favoritos, ou perceber que eles gostavam mesmo era do gesto de carinho que é preparar um jantar pra quem a gente ama. Aprendi a gostar de fazer churrasco à meia-noite e a sempre perder nas brincadeiras porque perder é bem melhor que ver ele triste. Aprendi que um curió vale uma fortuna. Aprendi que homem também chora com desenho animado e são capazes de cozinhar se bem treinados (mas nunca serão capazes de limpar a cozinha depois). Aprendi que a única forma de entender a relação deles com relógios é compara-la à nossa relação com os sapatos, exceto pelo fato de que relógios são inúteis, sapatos não. Aprendi a gostar de café da manhã na cama, e de café da manhã na padaria e de fazer café da manhã. Aprendi que não consigo mentir nem pra dizer que o pior drink do mundo tava uma delicia e que pessoas anormais comem a batata frita depois de comerem o sanduiche, e não antes, como nós normais. Aprendi a não prometer que vou deixar de comer algo que amo só para agradar a outra pessoa. Cada um deles me ensinou a gostar de um super herói diferente, mas percebi que nenhum Wolverine ou Spiderman será mais amado por mim que o Superman. Aprendi a receber elogios inusitados e a gostar de queijos fedidos. Aprendi que bons pais nem sempre são bons filhos, bons filhos nem sempre são bons pais e principalmente que bons pais ou bons filhos não serão necessariamente bons maridos, mas que se forem péssimos como pais e filhos, serão obrigatoriamente deprimentes como seres humanos. Aprendi que é fácil um relacionamento sobreviver à distância, difícil mesmo é ele não sucumbir à proximidade. Aprendi a me reconstruir, lágrima por lágrima. Aprendi a ser mais boba, a ser mais eu.

Eles só não me ensinaram a me amar, talvez porque nem eles mesmos saibam como.


10 comentários:

Renata Schmitd disse...

o cara certo ainda está por vir. e ele te ensinará coisas muito melhores. e, o principal, saberá reconhecer e valorizar a pessoa maravilhosa que você é.

(eles podem não te amar, mas eu te amo)

T. disse...

amar a si mesmo é como amar o outro: tem dia que sim, tem dia que não.

Renata Schmitd disse...

discordo de T. quem ama, ama e fim. dia sim e dia também.

Bia disse...

Eu não gostei desse final, desse pingo de tristeza na última frase...
Guardo na minha memória aquele super sorriso que recebi no aeroporto de Viracopos/Campinas e é esse que deve permanecer no seu rosto, nos seus textos, na sua vida (e eu sei que as vezes é bem difícil...)!

M. disse...

R. vc é o verdadeiro amor eterno, amor verdadeiro.

T. o problema do dia não é que ele é pra sempre. Talvez possa ser dia sim, dia "sim, mas não tanto", mas nunca dia não... Eu tb só sei amar dia sim dia também, até o final... que vai morrendo aos pouquinhos.

E Bia, eu tb não gostei desse pingo não, mas pode apostar que o sorriso continua aqui... mesmo que daqueles bem amarelinhos...e voc sabe, nos textos ele volta rapidinho....

Paola disse...

querida M. não tenho medo da sua tristeza no final do texto não... sei que ela te constroi tanto quanto os sorrisos... faz parte, e só torna vc mais.. vc! e isso é sempre otimo...

sabe, essa semana ouvi que depois de 7 meses de namoro, a pessoa q esta comigo me conhece mais quando estamos distantes, com saudade, com raiva, do que na proximidade... acho q isso pode ser bom e ruim.. bom pq de algum jeito me deixo conhecer... ruim, bem, se continuar desse jeito o conhecimento tem sempre q passar pela saudade e pelo sofrimento, e isso não e legal.. mas tb vou me construindo a cada lagrima...

bem, falei disso pq tenho me sentido assim c vc... mas de um jeito bom... depois de tantos anos gostando da sua companhia, das risadas e kiebers, tenho aprendido (na convivencia e especialmente nos seus textos) a admirar e amar cada pedacinho de quem vc é, e especialmente em quem vc ta se tornando cada dia!

admiro sua capacidade de movimento, e desejo continuar acompanhando todas as suas mudanças...
bjo com carinho

M. disse...

Peiola...

Como é bom ter amigas como vc por perto... Chorei...

Continuaremos entao, acompanhando todas as NOSSAS mudanças...

Nem que pra isso seja preciso mil e-mails com 47 paginas cada, ou cervejas no quintalzinho, ou kiebers no abertura... =)

Unknown disse...

Acho que todas nós aprendemos um pouco com os homens...e coincidentemente são as mesmas lições!

Texto maravilhoso, como sempre!

=]

beijos

Anônimo disse...

Acho que todas nós aprendemos um pouco com os homens...e coincidentemente são as mesmas lições!

Texto maravilhoso, como sempre!

=]

beijos

M. disse...

E algumas a gente insiste em não aprender mesmo...

Brigada Laila! Seu blog morreu?