segunda-feira, 23 de novembro de 2009

1990 (eu acho)

Tem algumas coisas que não querem sair de jeito nenhum...não sei por quê. Talvez porque não precisem sair agora... Mas pensando nisso eu lembrei de uma outra coisa...

Quando eu tinha lá meus 10 anos, ah sei lá a idade que se tem quando está na 4ª série... Mas na 4ª série eu era apaixonada por um menino. Loiro, branquinho, olhos claros... Lembro do nome e sobrenome dele até hoje (o que nao é lá grandes coisas, já que eu lembro do nome e sobrenome de praticamente todo mundo que passou na minha vida) e de vez em quando esbarro com ele por aí. Mas não é de hoje que eu quero falar, é de mim. Na 4ª série.

Eu já era amiga de R. e passava os fins de semana na casa dela, fazendo programas de rádio no "meu primeiro gradiente" vermelho azul e amarelo. Mas passar os fins de semana na casa dela não acabavam com nossos assuntos e a gente tinha, precisava, necessitava trocar cartas, que por acaso eu tenho até hoje. R. Sargentão era o apelido dela (sim, desde 1990 ninguém mexia com essa menina), o meu era M. alguma patente inferior (acho que eu era capitão), não fui eu que inventei esses apelidos, com certeza eu teria melhores, pois uma coisa que sei fazer é dar apelidos, nem ela, porque ela não perderia tempo com isso. Provavelmente, foi algum serzinho menino assustado com alguma coisa que ela fez... E a gente trocava cartas dizendo que estava assistindo Silvio Santos, ou falando nada com nada. Mas esse menino era assunto na maioria das cartas entre nós, até porque um dia eu descobri que outra menina também gostava dele. "Vamos nos encontrar no banco amarelo pra falar de fulano" eu lembro de uma cartinha dela. Não lembro se realmente conversamos sobre o dito cujo, mas eu nao esqueço do banco amarelo.

E geralmente é assim na 4ª serie né? a gente gosta, conversa com todo mundo menos com o cara sobre isso.

Até que eu tive uma ideia genial. ELE vai saber.

Nossa escola só ia até a 4ª serie, ou seja, aquele era o último ano de todo mundo ali e meu tempo estava acabando. Mas isso era perfeito. No final das contas íamos quase todos para um outro mesmo colégio.

Fim de ano, festinhas na escola e tals. Dança da vassoura...Eu lembro que ele sempre que pegava a vassoura vinha dançar comigo e pensei, ok ele está afim de mim. Foto de formatura da classe, ele veio pro meu lado e disse "vamos ficar diferente de todo mundo, não ri" (ok, na foto eu sai com uma cara de cú, pq fiquei me sentindo muito mal por não rir, então fiz um sorriso cú, o que piorou -e muito- a situação...tá, meu cabelo não ajudou em nada, e o reflexo das lentes dos meus óculos só completou a visão apocaliptica que se pode ter de uma menina), pronto, confirmado, ELE ME AMA. Pessoas normais diriam, não, você ama ele, pois é você que está fazendo o que ele ta pedindo... Mas... Hellooo!!! Se trata de mim! Eu sou uma pessoa esculhambada que acha que a pessoa falar pra eu não rir é quase dizer "eu te amo".

Eu sempre fui muito prática pra essas coisas, ou me ama ou não me ama. Ele, pra mim, me amava e prontocabô. Hoje que eu preciso lidar com essas coisas de "preciso me encontrar", "não quero me envolver", "você é um furacão e ela eu consigo controlar", naquela época eles só te ignoravam...tão mais simples. Mas continuo sendo prática, ou é, ou não é. Não sou meio termo. Só sou. Ponto.

Mas enfim, com a confirmação veio a idéia. Mas taquepariu, amanhã já estamos de férias... Foda-se... Quem me conhece sabe que eu não sei falar direito, mas escrever sempre foi meu forte. Já que eu não ia encontrar com ele, mandei um cartão me declarando, passei na frente do prédio dele pra anotar o número, me virei do avesso pra saber o apartamento e mandei o cartão pelo correio, junto com uma foto minha (Quem em sã consciencia manda uma foto dela mesmo junto com uma declaração de 'ó gosto de você'? Até hoje tento saber o porquê.)

Resultado: Ele nunca mais falou comigo. No ano seguinte fomos pra mesma escola e no primeiro dia de aula ele baixou a cabeça ao passar por mim... Hoje eu cuspiria no couro cabeludo dele - uma vez que ele baixou a cabeça não dava pra cuspir na cara -, mas na época eu só fiquei magoada. (nota: eu preciso parar de dizer que gostaria de cuspir nas pessoas, pois elas podem começar a acreditar)

Lógico que eu fiquei anos acreditando que ele não gostava de mim, que ele me achava uma gordinha ridhhhhicula. Até que na 8ª série um amigo meu perguntou:
- você gostava de fulano na 4ª serie né?
- aham, como vc sabe?
- ele me mostrou ontem o cartão que vc mandou pra ele.

oooooooooooo-k para tudo. Vocês leram direito né? OOOOOITAVA série. 3 anos depois. (pois que ele ficou sabendo quando estava quase na 5ª série)

- quando?
- ontem. É ele gostava de você também, mas se assustou quando você disse que gostava dele, e ficou com vergonha. Mas ele tem o cartão até hoje, e me mostrou...

eu na minha sutileza só consegui responder:
- E de quê me adianta eu saber disso HOJE? 3 anos depois? Nada né? ah tá. (ok, esse "ah tá" é uma provável adaptação do meu linguajar atual...mas quem se importa?)

Afinal é super reconfortante saber que enquanto eu me achava a jujuba verde do pacote, de tão preterida, ele gostava de mim...

E passei o resto do ensino médio odiando aquele ser tão medroso. E nunca entendi por que uma pessoa que gosta de outra e sabe que a outra gosta dele, fica com medo de falar "eu gosto de você".

aham. Essa sou eu. Desde 1990 assustando o sexo oposto sendo sincera demais.

E sabe o que é pior? 19 anos depois, eu ainda não aprendi...

Boo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Hum...

Eu faço "eu gosto de vc"...
Assusta do mesmo jeito né?

droga.

L. disse...

não é vc, eles que são os mesmo desde sempre.
um bando de medrosos dos infernos.

Bianca Martins disse...

Que fofo, acho que todas nós menininhas temos histórias parecidas com essa. Sim, eles são covardes e mal educados. Pois quem tem educação, não costuma ignorar as pessoas por medo.
Ai, ai...
Não é você quem os assusta, eles é que são fóbicos.
Bju