sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Um lugar no céu

Naquela noite, sentada na areia da praia ela olhava para o pingente em forma de estrela que tinha no pulso, a única estrela que conseguia brincar com a ponta dos dedos e ter nas mãos.

Preferia olhar aquela estrelinha de prata, do que as que estavam no céu, pois aquela ela sabia ser real, mesmo sendo réplica. As do céu enganavam, brilhando, ainda que mortas.

Os dois estavam sentados, lado a lado. Ela já não mais recostava no ombro dele, nem ele deitava nas pernas dela. Lado a lado, de frente para o mar. E o silêncio era quebrado somente pelas ondas.

Mas ainda assim era confortável estar ali.

Olhou para ele e pensou que ele talvez também fosse uma estrela, e ainda brilhava, deixando a duvída se ele já tinha morrido nessa história. Certeza ela tinha de que não gostaria disso, mas algumas estrelas escolhem morrer. Talvez porque saibam que brilharão por muito tempo, mesmo não estando mais ali.

Ele a olhou e sorriu, daqueles sorrisos dele, de fechar os olhos, franzir a testa e um pouco mais aberto para a esquerda, o que fazia o olho esquerdo fechar um pouco mais também, mas era tão pouquinho que quase ninguém percebia.

E talvez fosse por isso que ela se sentia tão confortável, mesmo com aquele silêncio. Porque ele conseguia dar a ela o mundo, num sorriso.

E ficou triste por vê-lo aos poucos perdendo o seu brilho, e perceber que um dia ele já não existiria mais. Mas sabia que para sempre se lembraria do lugar dele naquele céu, ainda que fosse inevitável o nascimento de novas estrelas.

10 comentários:

Anônimo disse...

por menor que seja o brilho, ele ainda pode ofuscar nossa visão.
belo post.

Renata Schmitd disse...

Twinkle, twinkle, little star
How I wonder what you are.
Up above the world so high
Like a diamond in the sky
Twinkle, twinkle, little star
How I wonder what you are!
When the blazing sun is gone,
When he nothing shines upon,
Then you show your little light,
Twinkle, twinkle, all the night.
Twinkle, twinkle, little star,
How I wonder what you are!

Then the traveler in the dark
Thanks you for your tiny spark;
He could not see which way to go,
If you did not twinkle so.
Twinkle, twinkle, little star,
How I wonder what you are!

M. disse...

É thiago, realmente ofusca.

E R. ohn. Eu realmente pensei nessa musica quando tava escrevendo, principalmente no ultimo verso.

Bia disse...

Comecei um blog de crônicas. Passa lá e vomite seu comentário sincero, please?

aqueledascronicas.blogspot.com

Bia disse...

Ei, não tem meu comentário? Eu já tinha lido esse texto... Acho que não comentei de tristeza de ver o brilho se apagando. Acontece!

M. disse...

É preciso as vezes não é? Na verdade elas nao precisam apagar, mas outras com brilhos mais intensos, certamente a ofucarão, e depois apagarão...ou não. Quem saiba eu nao encontre uma estrela cadente, que caia em mim?
Na verdade eu não tenho olhado muito pro céu, pra ser sincera.

Presto disse...

"Talvez porque saibam que brilharão por muito tempo, mesmo não estando mais ali" deixar de existir mais continuar sendo lembrado, ja é dificil ser lembrado existindo desesperadamente todos os dias, realmente é uma doce ilusão, doce tentação, só precisamos alcançar este tão sonhado brilho que as estrelas ja tem desde de sempre... e há ... não deixe de olhar para o céu, mas as "estrelas" nem sempre aparecem por lá...rs

Bia disse...

Eu não ando olhando muito tbm M., e temo que uma estrela cadente caia...

Pq a gente sabe que nenhum brilho é eterno e tudo (até mesmo uma estrela) morre algum dia.

Penso que é melhor não olhar... e, por precaução, andar de guarda-chuva por aí...

...impressão minha ou a caixa de vomitinhos vem pouco a pouco se tornando terapia em grupo com um "q" de lirismo??? Eu hein! rs

Presto disse...

n se preocupe eu sou tão melodramático quanto, e sim gosto de ser assim, pelo meno como diz a Nú no meu mundo paralelo...rss rodar e ficar tonto ... esquecer a percepção da realidade, desde criança ja gostamos de fugir das percepções...imagine adultos ( eu disse "adultos" ..rss) pois é ... rss

Bia disse...

A "Nu", no caso, sou eu...rs. Nu-Bia (Nubia!). E sim, ele tem um mundo paralelo, mas é melodramático nos dois...rsrsrs.

Eu já quis esquecer a percepção da realidade, mas depois percebi que a gente nunca perde o que nunca teve ;)