quinta-feira, 29 de julho de 2010

Entre um sorriso e um olhar

Ainda não tinha amanhecido, e chovia. Ela balançava displicente o pé, aquele, que insistia em ficar descoberto. Ela, que sempre foi de extremos, lembrou que esse entre-noite-e-dia era um dos poucos meio-termos que gostava, e gostava bastante. Pena que, em quase todos, ela dormia.
Hoje não. Hoje era um dia perfeito. Porque ela olhava para o lado e o via dormindo. E ele mesmo sem saber, a protegia.
Ele a protegia, quando entendia as suas brincadeiras de criança. Como correr no meio da casa e pular no colo dele gritando "me segura", só para ver se ele não a deixaria cair. E ele não deixaria. Nunca deixou. E mesmo quando ela não sabia, ele sempre soube.
Ele a protegia, quando a via cantarolando de toalha e aceitava seu convite para uma contradança, ali, entre o escolher uma camisa e colocar o perfume para sair.
Ele a protegia quando, deitado na rede, estendia a mão, dizendo para ela que estava ali.
Ele a protegia, quando a fazia derreter ao 'fuçar' o pescoço dela, porque sabia que ela gostava.
Ele a protegia quando dizia que a pantufa de tigre dela era sexy, mesmo querendo dizer o contrário, porque na verdade ele só queria fazê-la sorrir. E fazia.
Ele a protegia, quando a obrigava a ir ao médico, porque se preocupava com a saúde dela mais do que ela mesma.
E ela percebeu que ela também o protegia.
Ela o protegia quando fazia carinho na nuca dele, enquanto ele dirigia.
Ela o protegia, quando deitava com ele na rede, mesmo ficando desconfortável, porque sabia que ele gostava dali.
Ela o protegia, sendo a pior companheira de compra de supermercado, porque era chata e não o deixava comprar coisas legais, trocando tudo por granola e laranja (e biscoito de morango).
Ela o protegia quando, sem motivo, esquecia a mão no rosto dele, num afago.
Ela o protegia, quando procurava com a mão, um pedaço dele pra enconstar, antes de dormir. Mesmo que fosse só a barra da camisa.

Eles se protegiam, em cada pequena coisa que faziam, ou que deixavam de fazer. Não porque foram feitos um para o outro. Nem porque precisavam um do outro. Mas porque queriam.

Ela, que ainda observava ele dormir, ouviu que ainda chovia, mas já começava a amanhecer. Não queria que tudo passasse, só queria que ele soubesse, e com a ponta do dedo ficou apertando o nariz dele, para ele despertar. E ele ao acordar, ao invés de ficar bravo, só disse "bom dia" com o olhar, e tudo que ela precisou foi responder "eu te amo" em um sorriso.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Assless Chick Franchise

- Xú, como se fiz "franquia do pintinho sem cú", em inglês?

- pinto pinto? o bicho?

- é ne Xú... Pinto pau nao tem cú.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Entre aspas e livros...

Não sou de citações, eu sou uma pessoa de livro inteiro.

Eu desconfio do que leio, principalmente se não tem no fim, o número da página, edição e editora, mesmo se acho bonito, ou justamente por isso, e procuro saber se foi aquela pessoa mesmo que escreveu. Pode ser chatice, mas pra mim é não ser injusta. Não saio por ai propagando que "Solidão" é de Chico Buarque, sem procurar saber se é, e não é. Na verdade não acredito em quase nada que leio na internet. Uma frase em um livro homenageando Clarice Lispector tinha "sei que não começamos pelo começo, já era amor antes de ser", basta o livro se chamar Claricianas, para, na internet, a frase ser dela. Outro dia li um suposto poema de Fernando Pessoa "Encerrando ciclos" eu acho... onde dizia que precisávamos saber quando uma etapa chega ao final. Tinha a seguinte frase: "Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é." Apesar de bonito, no mundo que Fernando Pessoa escreveu "sacuda a poeira" eu sou a modelo mais bem paga do planeta aos 30 anos. Não precisou de muitos cliques, para saber que na verdade esse texto é de uma psicóloga colombiana, Sonia Hurtado. E ter lido, de verdade, um livro dele, pra saber que ele nunca escreveria dessa forma.

Escritores e poetas tem assinaturas em cada palavra. E as pessoas deveriam ter discernimento.

Basta ler de verdade para saber. E embora eu goste muito da vida online, nenhuma citação vai suprir a minha vontade de rabiscar um livro, de ler o fim dele antes pra não correr o perigo de morrer antes de saber como termina. E reler tudo, tempos depois, pra sentir tudo de novo, e diferente.

No entanto, por incrível que possa parecer, não estou possessa com isso, com pessoas que sequer tem o trabalho de saber se aquela citação é realmente daquele autor. Eu simplesmente continuo no meu canto, sendo uma pessoa de 200 páginas, enquanto a maioria se contenta em ser apenas 3 linhas entre duas aspas...

terça-feira, 20 de julho de 2010

Enfiem o "Feliz dia do amigo" no rabo. Grata.

Eu não me conformo com datas idiotas...

Todos que desejaram FELIZ DIA DO AMIGO a alguém, por favor, morram. Mas morram logo, por favor.

E é de conhecimento público que eu não me conformo em simplesmente odiar idiotices, preciso saber o por que, mas por que, meu Deus, fazem coisas assim, como por exemplo, o dia do amigo.

Foi ai que me deparei com algo surpreendente no wikipedia. Não sei se é um verbete-pegadinha-do-mallandro (daqueles que a gente ouve um 'rá! pegadinha do mallando' no final) ou se ele tem a intenção de ser sério. Mas o fato é que isso foi escrito, e deve ser verdade:

"A data foi criada pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro. Ele se inspirou na chegada do homem à lua, em 20 de julho de 1969, considerando a conquista não somente uma vitória científica, como também uma oportunidade de se fazer amigos em outras partes do universo. Assim, durante um ano, o argentino divulgou o lema "Meu amigo é meu mestre, meu discípulo é meu companheiro".

Aos poucos a data foi sendo adotada em outros países e hoje, em quase todo o mundo, o dia 20 de julho é o Dia do Amigo, é quando as pessoas trocam presentes, se abraçam e declaram sua amizade umas as outras, na teoria."

Então, se vocês desejam Feliz Dia do Amigo a alguém, porque um imbecil inventou que a chegada do homem à lua é uma OPORTUNIDADE DE FAZER AMIGOS EM OUTRAS PARTES DO UNIVERSO ("olá amiga poeirinha galática, tudo bom?"), sinceramente, vocês não merecem respeito algum.

Feliz dia da Independencia do Camboja, seria muito mais util... Ou "Feliz aniversario: Éric Akoto". Porque, mesmo sem saber quem ele é, pelo menos ele nasceu, não foi invenção de um idiota que não tem amigos e quer arumar algum fora do planeta.

Boa Tarde.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Quase Natal...

Se não comer requer talento...e desculpas...e teorias. Uma coisa que não requer nada de mim é esculhambar o calendário.

Em 2008 eu terminei com o ano em Agosto. Ele tava uma merda mesmo...
Numa quarta feira qualquer, perto da meia noite, virei pra Sayo, que morava comigo na época e disse:

- Sayo, o ano ta uma merda não tá?
- tá.
- Vamos acabar com ele?
- Bora!

E se tinha uma coisa que não faltava na nossa geladeira era salsicha e cerveja, ou vodka, ou vinho.... (na minha parte, pelo menos, era álcool e salsinha basicamente. Ela tinha essa mania estranha de comer como gente normal.)

Justamente pra situações como essa onde precisassemos brindar (o que não estava acontecendo muito em 2008...mas né? bom sempre estar precavida).

Fizemos contagem regressiva à meia noite, brindamos, e como não tinha uva, comemos uma bala, sei lá, algo assim... Pronto, adeus 2008! Foi tão facil...

Mas lembramos que PUTZ! Acabamos com o ano e nem fizemos o Natal.

Sem problemas né? No domingo tá lá o papai noel em cima da mesa, os enfeites, o almoço de natal, os presentinhos, renas e tudo mais.

Foi um natal divertido...

Em 2009, na mesma casa, mas com roommate diferente - Sra. Cláudia, em agosto, então é natal. E vocês sabem como é tradição... A cada ano melhora... Dessa vez montamos a árvore no dia anterior, penduramos guirlanda na porta, decoramos a mesa, colocamos velas, enchemos a casa de Papais Noéis (plural, vai tomar no cú, grata), chamamos mais amigos, alguns confessaram que foram só pra ver se era sério mesmo, Sayo foi lembrada em foto na parede, fizemos a ceia e quase fomos explusas do prédio.

Agora, 2010. Agosto tá chegando. Sinto o cheiro de natal pairando no ar, vocês não? Que pena.

Mas gostaria de relembrar a todos que eu nunca vou ser normal. E pra nascer uma idéia genial basta um impulso.

Minha irmã: "Marcella, fiz uma torta de suspiro chantily e morango, e uma outra pequena, que tá sobrando."

Eu aposto que se tivesse uma câmera por perto, captaria o exato momento da epifania.

Só trocar o peru por um frango assado, comprar umas broas, porque tem que ter milho, fazer um purê de batata, assar umas batatas doces e trocar a torta de abóbora pela torta de morango e o que temos?

THANKSGIVING DAY! (que ó, que coincidência, é mais ou menos um mês antes do natal)


Algumas pessoas tentam argumentar...

- Marcella, você ja faz Natal em agosto, ok. É estranho, mas ok. Agora, porra, você tá querendo fazer em julho um feriado que é em novembro E NEM É COMEMORADO AQUI?"

- Aham

- Ah, tá.


Outras pessoas nem discutem. Só animam e tá tudo certo.

Então, só queria dizer: Faltam 37 dias para o Natal. E sábado, é dia de ação de graças.

Eu e T. estamos até pensando em cortar franja curta em homenagem aos índios da História e tals...

nhé, not. Na escolha de papéis eu levantei a mão primeiro e fui logo pro lado dos peregrinos (toquinha na cabeça é o que há).


Eu disse que minha dieta afetaria minha sanidade...