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Bem, continuando o
Moving Day Eve e chegando ao Moving Day propriamente dito, eu tenho que esclarecer uma coisa:
O abismo que separa a teoria da prática é quase o mesmo abismo que separa o que é bom do que é preciso. Por exemplo, na teoria eu sou a namorada que pelo menos 3 peguetes, nos ultimos 2 meses, juraram que gostariam de ter ao lado, na prática eu to aqui nessa meia solterice ainda. Na teoria é impossivel assoviar e chupar cana ao mesmo tempo, na prática quem tenta isso só é um babaca. Na teoria é bom dormir 8 horas por dia, na prática, bom mesmo é acordar quando suas costas doem por ficar tanto tempo na horizontal. Na teoria sexo é a ação física de junção dos gametas, na prática é tchubirubirú iê iê. (porque com certeza não é no seu GAMETA que você lembra lá no vuco vuco - e às vezes é até por isso que 9 meses depois eles aparecem com bracinhos e perninhas)
Então, na teoria a idéia que eu tive na véspera da mudança, era uma boa idéia. Se ela fosse minimamente executável. Não era, como percebi horas mais tarde. Na prática eu faria minha mudança bêbada, achando que estava de ressaca.
Um camarote quente com cerveja gelada é a equação perfeita para o fracasso da sobriedade. Dito e feito. Eu tomei UM copo de cerveja, o problema é que ele não esvaziou de meia noite às 5 da manhã, sabe aquelas coisas auto renováveis? Era o bichim ficar meio vazio que depois de um piscar tava lá o copo cheio de novo. E como eu já disse várias vezes, eu tenho um sério problema em dizer não. Resumindo: cheguei em casa 6 hs... DA MANHÃ, com um copo de cerveja na mão.
O K2 tava tão lindo, tão macio, tão aconchegante... Mentira, não lembro nem de como eu fiz o ataque final. Só sei que lá do cume fiz umas ligações importantes, como para Luzia "iá não era com você que eu queria falar não!" (ligar POR ENGANO, às 6 da manhã é o que há de sensato nessa vida), ou para o FDI2
(JÁ QUE NÃO TIVE NOME NOS ÚLTIMOS POSTS NÃO SERIA AQUI QUE EU TERIA NÉ? PELO MENOS POR ENQUANTO), não lembrar o que eu disse, provavelmente ficar puta com ele e ter ouvir ele dizer depois o dia inteiro que "você me ligou as 6:13 da manhã!" enfatizando em TODAS as vezes o 13 (é... ele aprendeu a ver horas semana passada), ou pra Jean sei lá pra quê. Fora as não atendidas. Ou seja, devo ter dormido às 7 hs.
As 10:30 o telefone toca.
- to indo.
- guemelgifadalfgh (eu devo ter grunido algo assim)
Desligamos o telefone e eu percebi o sol torrando meu pé, que eu 'dormi' de lente e que eu ainda tinha algumas coisas pra embalar antes dele chegar.
Não sei se R. também ligou ou eu liguei pra ela. Só sei que pela minha voz ela achou que a mudança fosse ser em setembro, quando eu me recuperasse.
Enfim...
Primeira Etapa:
CULPA DE UM FIDI2, NO CASO
(AINDA VOU PERMANECER SEM NOME)(titulo alternativo: Leva meu mundo e eu fico com uma gaveta)
Chega uma pessoa toda alegre e animada e eu me esforçando pra descolar as pálpebras.
Tive impetos de apontar as coisas para ele catar e continuar dormindo, mas achei que poderia não pegar muito bem...
- por onde começamos ?
- ah pelas minhas gavetas
- éééé, haaam... Eu aconselho colocar um travesseiro em cima daquela ali (apontando pra uma gaveta transbordando calcinha e soutien)
Colocar um travesseiro ali significaria eu ficar sem travesseiro pra dormir, e eu entendi o plano macabro dele em eu ter que ajudar a fazer minha própria mudança.
Mas vamos lá. Tamojunto...mas pode ir na frente que eu não ligo não.
Vale lembrar que eu morava no local mais distante da portaria, e a caminhada para chegarmos até ela - e ao carro - era quase a mesma da portaria até a nova casa... O que era bem legal.
depois de todas as gavetas levadas por ele e umas 3 sacolas levadas por mim...
- agora as roupas nos cabides.
- seus vestidos são de chumbo???
(ATÉ PARECE QUE TRABALHA NUMA SALA DE RAIO X)- ¬¬
Um quadro de metal aqui, umas mil bolsas ali...Um homem de 1,83
(TENHO 1,86. OBRIGADO) com uma mochila ruooosa nas costas acolá... (quando eu falo que eu tenho que registrar as coisas que acontecem comigo ninguem acredita.) Tudo no carro e 7 segundos depois chegamos ao destino final.
- R. precisamos de vocês, porque já acabamos com as coisas pequenas e agora tem a cama.
- Ok. to no shopping mas já estamos indo.
minutos depois
- Ó não sei qual a linha esculhambada de pensamento da minha mulher em dizer que ja estamos indo, qual o parâmetro de tempo e espaço que ela tem, mas meu carro tá lavando aqui no shopping e vamos demorar no minimo uma hora para chegar ai.
- auhsauhsaushauhsuahsuahsauhsauhsa
desligamos. (é eu não dou tchau pras pessoas no telefone não, SO LAST WEEK...)
Linha de produção. Eu ficava no segundo andar, ele subia a escada e deixava as coisas para eu pegar (ok, essa linha de produção era favorável a um dos operários, mas vale dizer que o favorecido estava bêbado ainda) na última gaveta eu que já sou branca fiquei transparente. Poxa, tinha esquecido de comer alguma coisa como café da manhã, oras! Normal. Tomei um esporro, de novo, por não comer direito e fomos pra padaria tomar o café da manhã. Mas bebado não tem fome né? Comi meio misto quente, e depois tive que ver ele usando toda sua sabedoria pedagógica no "não precisa comer tudo, come só esse pedacinho...e esse...vai só mais um pouquinho"... Resultado: consegui comer quase 3/4 de misto... em 1:30 min.
(MEU SOBRINHO DE 5 ANOS DÁ MUITO MENOS TRABALHO PRA COMER. EU SEI QUE ELE NÃO ACORDA BÊBADO MAS MESMO ASSIM, 5 ANOS E MUITO MENOS TRABALHO)
O tempo exato para lavarem um carro.
SEGUNDA ETAPA :
...E SE FORMA O QUARTETO.
(título alternativo: O que seria de mim sem R., Otavio e FDI2 ?)
Esperamos na portaria, porque voltar até ela ia ser sofrido. Sentados no chão, porque essa coisa de esperar em pé é a coisa mais over do planeta. Quando o casal chega ao invés de "Oooooooi" manda logo um "É pra dar esmola pra vocês?", deixando bem claro que a coisa dali pra frente ia ser, como sempre, bem Marcella way of life.
O colchão foi moleza... Coloca em cima do carro e bora segurando nas alças laterais dele. Acho que tinha mais coisa no carro, o que obrigou Otávio a ir a pé. Ainda acho que ele foi a pé por vergonha alheia, mas tudo bem.
Chegando no destino final, R. teve que lidar com aquela coisa de "óóó minha filha como voce tá boniiita", ou "amizade bonita essa de vocês hein?" (coisa que ela só ouve há 20 anos)
Vooolta pra pegar o box da cama. Enquanto ele está empacado entre a escada e o teto da saída do apartamento o FDI2 se dá conta: "Cara, somos péssimos nisso." Otávio imediatamente solta um "Graças a Deus!" e continua "Todo mundo tem um dom nessa vida. Fico feliz que o meu não seja fazer mudança. Vai que eu descubro que é e tenho que fazer isso o resto da vida?" Realmente deve ser triste descobrir que o dom da sua vida é carregar camas e afins...
Tudo é uma questão de ponto de vista, after all, e todos ficamos felizes em estarmos ali, sendo péssimos naquilo.
Mas o box não tinha alcinha. Colocado em cima do carro. "Segura assim mesmo. Menos Marcella, porque ela tem o braço curtinho". Confesso que o álcool que ainda saia do meu corpo não permitiu que eu pensasse em nenhum insulto, mas também achei bom não insultar nego que chegou na minha casa 10 da manhã pra me ajudar.
Pra quem não tinha nada pra levar eu até fiz muitas viagens... Logo veio a vez da tv e do rack.
Pausa para uma explicação. Quando você toma a decisão de se mudar, automaticamente sua casa para de ser limpa. Aquela poeira em cima da tv era acumulo de duas semanas. Tenho culpa se moro ao lado da obra da Petrobras que insiste em explodir pedras na minha cabeça todos os dias? Mas eu limpo sim a minha casa, limpava. E ninguém tira quadro da parede pra limpar...(e nem tinha tanta poeira assim....) Depois de levar a tv e o rack totalmente empoeirados (o rack eu pasei uma esponjinha pra disfarçar), enquanto o FDI2 levava também o bujão de gás, Otávio só se resumiu a dizer "ó, não é qualquer um que faz isso não". É eu sei. Só pessoas desesperadas por redenção... To pensando até em tirar do inferno de vez.
(E DAÍ TALVEZ, DEVOLVER O MEU NOME)Só sei que ver R. carregando um coisinho desmontando, Otávio levar a pé minha cadeira de escritório e quase ser derrubado pela boa vontade do meu cão, que queria ajudá-lo e A.
(SIM, DEPOIS DESSE DIA EU GANHEI O DIREITO A TER DE VOLTA PELOS MENOS UMA LETRA DO NOME) mais suado que pãozinho quente em saco plástico foi lindo...
E enquanto tomávamos uma cerveja, que meu pai fez questão de dizer para os meninos que eles mereciam, "pois eu dava muito trabalho", sentados no chão da varanda, com os pézinhos na grama e olhando a rua, Renata disse uma coisa que resume como todo o dia foi singular.
"SEU CÃO BABOU PEDRA EM MIM."
=)
